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quarta-feira, 27 de julho de 2022

OMS admite pela primeira vez que varíola do macaco pode ser transmitida sexualmente


Quatro dias após declarar que a varíola do macaco (monkeypox) é uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional, a OMS (Organização Mundial da Saúde) admitiu nesta quarta-feira (27) que esta pode ser considerada uma doença sexualmente transmissível.

Em entrevista coletiva, o conselheiro da OMS Andy Seale, especialista em HIV, hepatites e ISTs (infecções sexualmente transmissíveis) lembrou que a agência tem conselheiros que estão analisando a questão.

"Em resumo, eles [especialistas] concluíram que essa é claramente uma doença transmitida durante o sexo e, portanto, é configurada como uma doença sexualmente transmissível, mas ainda não foi classificada como tal. Eles ainda estão comparando essa doença com outras doenças, avaliando dados laboratoriais."

Na semana passada, um estudo realizado em 16 países e publicado na prestigiada revista científica The New England Journal of Medicine mostrou que 95% das infecções ocorreram por meio de contato sexual.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que o surto pode ser interrompido com a redução da exposição individual. Ele sugeriu a redução de parceiros sexuais e reconsiderar ter novos parceiros sexuais como formas de prevenção.

Além disso, orientou as pessoas a manter contato com quem se relacionaram sexualmente para facilitar o rastreamento em caso de alguém desenvolver a doença.

O estudo da semana passada também apontava que 98% dos infectados eram homens que fazem sexo com homens. A OMS, entretanto, alerta que isto não significa que a doença não possa atingir outros grupos.

"Estigma e a descriminação podem ser tão perigosos quanto o vírus", destacou o diretor-geral.

Para a líder técnica de varíola do macaco da OMS, Rosamund Lewis, é importante saber que esta é uma doença que pode ser transmitida, também, de outras formas.

"É uma doença que se transmite por contato próximo. Existem outros modos de transmissão, não só o contato sexual, existe o contato pele a pele. Embora um grupo seja predominantemente afetado no momento, é muito importante que todos entendam que qualquer pessoa pode se infectar. É muito difícil transmitir essa mensagem, pois existe um grupo afetado, a quem queremos passar a mensagem de como se proteger, mas qualquer pessoa exposta à varíola do macaco pode se infectar."

Ela destacou que há infecções que ocorrem dentro de casa, por meio de abraços, por exemplo, ou compartilhamento de roupas e objetos.

Fonte: R7