A Organização Mundial da Saúde voltou a criticar os países que iniciaram ou pretendem iniciar uma campanha de vacinação com uma terceira dose do imunizante contra o coronavírus.
De acordo com a OMS, a aplicação da D3 como reforço imunológico prejudica o acesso de países mais pobres às vacinas e ainda não existem estudos suficientes que comprovem a eficácia e a segurança de uma terceira dose.
Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, explica que a decisão da Organização em não recomendar a D3 está baseada na ciência. “Em termos de saúde, há um consenso de que os dados não são conclusivos (sobre a eficácia de uma terceira dose)”, avaliou em coletiva de imprensa.
Porém, a cientista reconhece que grupos prioritários podem necessitar de uma proteção extra. "Mas não estamos no momento de recomendar doses extras.Não temos um abastecimento sem limites. Portanto, as vacinas precisam ir para médicos e idosos, que estão perdendo suas vidas”, comentou.
“A prioridade deve ser salvar vidas. Não deveríamos ter 10 mil pessoas morrendo por dia”, defendeu. “O que ocorre com uma terceira dose? Existem ainda perguntas que precisam ser respondidas", pontuou Soumya.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, alerta que primeiro é preciso imunizar quem ainda não teve acesso à vacina. "É como dar mais um salva-vidas para quem já tem um salva-vidas, enquanto deixamos aqueles que não tem proteção sem proteção", alertou.
Para Tedros, enquanto a maioria da população não for imunizada, novas variantes irão surgir. "Estamos dando oportunidade para que o vírus circule e isso é bom para o vírus", comentou.
O diretor finaliza dizendo que “é tecnicamente e moralmente errado [aplicar D3 enquanto os países mais pobres não vacinarem boa parte de sua população]".
D3
O Ministério da Saúde do Brasil anunciou que, a partir do dia 15 de setembro, será aplicada a terceira dose da vacina contra a covid-19 em idosos acima de 70 anos vacinados há 6 meses e em todos os indivíduos imunossuprimidos após 28 dias da segunda dose.
Países como França, República Dominicana, Israel, Rússia e outros aprovaram a aplicação da D3.