A seca que atinge o Ceará há pelo menos cinco tem afetado não somente o abastecimento nas reservas hídricas e o consumo humano, mas também se tornou um fator que contribui para o registro de doenças diarreicas no Estado. A informação é do médico infectologista do Hospital São José, Robério Leite que aponta ainda outros motivos para a disseminação da doença.
"Aliado à escassez de água que gera maior contaminação, os problemas de saneamento básico também são causadores do agravamento da doença. Apesar do nosso clima não ter tanta variação, as temperaturas elevadas dificultam a conservação dos alimentos o que os tornam mais suscetíveis à contaminação", explica.
Conforme boletim emitido na última sexta-feira (27) pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a Coordenadoria Regional de Saúde de Caucaia (2ª Cres) registrou 990 casos da Doença Diarreica Aguda (DDA) nos municípios monitorados pelo órgão (Apuiarés, Caucaia, General Sampaio, Itapajé, Paracuru, Paraipaba, Pentecoste, São Gonçalo do Amarante, São Luis do Curu e Tejuçuoca).
A 2ª Cres ficou em primeiro lugar quando comparada a outras 10 coordenadorias. Por meio de contato telefônico, o Diário do Nordeste pediu à Secretaria de Saúde do Estado um posicionamento sobre as medidas que estão sendo tomadas para diminuir os casos de diarreia. Entretanto, a Pasta não disponibilizou fontes oficiais para comentar o assunto argumentando que os dados registrados no boletim são enviados pelas secretarias municipais.
Casos
A reportagem foi orientada a procurar representantes das cidades mencionadas no documento. Mediante análise individual de cada município, Fortaleza aparece no topo da lista com 700 casos notificados somente na Capital, sendo o maior número de ocorrências por ocasião da diarreia. Compõem o levantamento ainda as cidades de Caucaia somando 322 casos e São Gonçalo do Amarante com 283 registros.
Os dados organizados pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde, da Sesa, pertencem à terceira semana de 2017.
Questionado se o número de casos contabilizados em Fortaleza preocupa a Secretaria Municipal de Saúde, o gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica Antônio Lima Neto argumenta que "a partir de intervenções há um controle da doença e que as ocorrências estão entre as preocupações epidemiológicas do município, mas não são uma prioridade".
Estado
Segundo ele, há uma assistência maior quando a doença gera internação ou acomete crianças menores de um ano. O documento revela também que até o momento foram contabilizados 7.864 casos de diarreia em todo o território estadual.
Uma preocupação para os cearenses que devem estar em alerta quanto aos mecanismos de prevenção da doença. Profissionais de saúde orientam que desde os primeiros anos de vida da criança é possível evitar a DDA através da vacina rotavírus e do aleitamento materno.
Hábitos
Cuidados com a higienização das mãos antes de preparar e ingerir alimentos, beber sempre água potável são hábitos individuais que todos devem incorporar à rotina. Ações do poder público também ajudam no combate à doença, como as melhorias das condições de saneamento básico nos municípios.
Fonte: Diário do Nordeste