A história de Cícero Juarez da Cruz, de 40 anos, que sua mulher sempre reclamava de dores de cabeça, dava ataques e a encontrou agonizando no quarto caiu por terra. O exame cadavérico feito na Perícia Forense de Juazeiro do Norte revelou que Silvana Leal, de 17 anos, foi morta por asfixia. Ela estava grávida de seis meses e, na noite do último dia 13 de agosto, já deu entrada no hospital de Barro sem vida. Seu companheiro disse ao médico de plantão que, após os gritos da esposa, foi ao quarto onde a mesma se batia no solo.
O médico estranhou as informações e uma mancha vermelha no pescoço quando sugeriu à polícia que acionasse a PEFOCE, a fim de levar o corpo para necropsia no antigo Instituto Médico Legal (IML). A garota era de Papanduva (SC) e estava no Sítio Poço Cercado na zona rural de Barro, onde veio conhecer os familiares do esposo com quem vivia há um ano. A Delegada de Polícia Civil de Aurora, Ana Ursulina Rodrigues, ouviu depoimentos de parentes de Cícero e percebeu contradições em relação ao dele.
De imediato e já com o resultado do exame em mãos, ela pediu a preventiva do companheiro de Silvana no que foi atendida pela justiça e o acusado terminou preso em sua casa. “Não me resta dúvida de que foi ele quem matou Silvana”, declarou a autoridade que preside o Inquérito Policial. A Delegada disse ainda acreditar que o crime esteja ligado à gravidez da adolescente. “Ele deverá ser indiciado por Feminicídio, com o agravante da vítima estar grávida”, acrescentou.
Antes de tomar o depoimento de Cícero Juarez, ela disse que o mesmo não seria preso e o acusado chegou a ligar para a empresa na qual trabalhava em Papanduva, dizendo que voltaria logo. O mesmo continua negando ter matado a sua companheira e a delegada pretende ainda ouvir familiares da adolescente que residem em Santa Catarina. Cícero estava de férias e veio rever parentes no Cariri de onde começou a fazer ligações para a família dela dizendo que a mesma estava bastante doente e com fortes dores na cabeça.
A garota chegou sem vida ao hospital às 19 horas e, de acordo com familiares dela, Cícero ligou às 23 horas para Papanduva informando que se encontrava com Silvana no hospital já que o estado de saúde tinha piorado. Além disso, alertou para se prepararem, pois a mesma teria pouco tempo de vida. Às duas horas da madrugada de domingo tornou a ligar comunicando o falecimento da companheira. Noutro contato com a família de Silvana disse que iria sepultá-la no Ceará já que o traslado seria muito caro.
Além disso, o médico tinha sugerido para acelerar o sepultamento. Após isso, Cícero não manteve mais contato com a família dela. Desconfiados, eles discordaram do enterro no Ceará e parentes vieram providenciar o traslado para Papanduva, onde a mesma foi sepultada. No dia do fato, irmãos de Silvana ligaram para a polícia de Barro e souberam que Cícero havia registrado um Boletim de Ocorrência informando sobre a morte da garota. Souberam ainda que o corpo apresentava uma marca no pescoço vista pelo médico.
Foi um advogado contratado por Cícero quem entregou os documentos de Silvana na funerária de Barro. Segundo João Paulo Leal, irmão da adolescente, a mãe sabia da gravidez, mas não imaginava que Silvana já estava no sexto mês de gestação. “Minha mãe não entende porque ela escondeu o tempo de gravidez e cobrava que começasse o pré-natal, mas ele falou que a esposa faria os exames no Ceará porque queria acompanhar de perto”, relatou o irmão da vítima.
Para a família da vítima, Cícero nunca aparentou ser uma pessoa violenta e a idéia é confirmada pelos colegas de trabalho dele. Porém em Barro, as opiniões são diversas e alguns que optaram pelo anonimato comentaram que ele é um homem perigoso. Todavia, outros relataram estarem surpresos, pois parecia ser muito tranquilo. Por enquanto não está descartada a possibilidade de outras pessoas estarem envolvidas no crime e alguns que estiveram com Cícero após a morte de Silvana disseram que o mesmo aparentava tristeza.