Até o mês de junho, 109
municípios do Ceará, o equivalente a 59% do total de cidades do Estado,
decretaram situação de emergência devido à estiagem. Esses territórios abrigam
cerca de 3.450.378 habitantes, o que corresponde a 38,7% da população do Estado.
Apesar de já ser expressiva esta quantidade, a Defesa Civil Estadual projeta
que o agravamento dos efeitos da seca, que há cinco anos compromete o Ceará de
forma mais severa, ampliará este número no segundo semestre. A estimativa é que
esta condição crítica seja oficializada em mais de 150 cidades.
O
estado de emergência destes municípios foi reconhecido pelo Governo Federal por
meio da Portaria nº 146 da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil,
publicada no Diário Oficial da União na última terça-feira (28). A emergência é
decretada sempre que o prejuízo público diante de uma situação anormal
compromete parte da receita líquida anual da cidade.
O
reconhecimento por parte da União é o pré-requisito para a liberação de
recursos federais, além de garantir maior celeridade nas ações emergenciais a
serem executadas nessas localidades. Dentre as perdas mais alegadas pelos
municípios para terem acesso aos recursos estão as perdas de rebanho e da
safra. Se comparado a igual período de 2015, a quantidade de municípios
cearenses em situação de emergência neste ano é 14% maior. Nos seis primeiros
meses do ano passado, 95 cidades do Ceará haviam sido reconhecidas pelo Governo
Federal nesta condição. A atual lista com 109 localidades inclui municípios de
todas as Regiões do Estado, inclusive da Região Metropolitana. Caucaia,
Cascavel, Chorozinho, Pacatuba e São Luís do Curu estão inclusas.
O
coordenador Estadual da Defesa Civil, tenente-coronel Cleiton Bezerra, garante
que o cenário equipara-se ao constatado em anos anteriores. A tendência, de
acordo com ele, é que no segundo semestre a criticidade dessas regiões se
acentue e este número cresça. O diferencial desde ano, que já é o quinto
seguido de estiagem severa, conforme o tenente-coronel, "é que os locais
de captação de água que estão cada vez mais distantes, o que dificulta a
operação de carros-pipas".
Além
disso, ele ressalta que em 2016 foi firmado um acordo entre a Defesa Civil e o
Exército para que o órgão estadual se encarregue do atendimento à sede dos
municípios, enquanto os militares são responsáveis pelo abastecimento da zona
rural.
O
alarme, explica o coordenador, é devido a esta demanda das áreas urbanas que é
um cenário recente. "Algumas sedes municipais estão em total colapso e
estamos atendendo e preocupados. Porque a operação carro-pipa é a última ação
que o Estado executa. É sempre em situações realmente extremas, enquanto tenta
providenciar outras iniciativas como adutora ou coisas do tipo", explica o
coordenador.
Áreas urbanas
O
colapso em áreas urbanas é evidente atualmente nos municípios de Boa Viagem,
Pedra Branca, Pereiro, Iracema e Irapuã Pinheiro que, segundo informa, estão
recebendo água de carros-pipas viabilizada pela Defesa Civil. Neste ano, 11
cidades já demandaram o abastecimento deste tipo nos perímetros urbanos.
Conforme o tenente-coronel, há cerca de 80 carros-pipas atendendo a esta
população. A quantidade de água transportada varia entre 7 mil e 18 mil litros.
"Para
se ter uma ideia, nesses locais distribuímos 20 litros de água por pessoa a
cada dia. Isto é bem abaixo do que a Organização Mundial da Saúde recomenda,
que é 110 litros por pessoa, por dia. Mas, na operação carro-pipa tratamos
exclusivamente de água para o consumo humano. Nesses 110 litros estão inclusos
outros usos", explica.
Na
reunião semanal do Comitê Integrado da Seca do Ceará, ocorrida ontem no Palácio
da Abolição, conforme o tenente-coronel Cleiton, que esteve presente, 11
municípios foram considerados como de prioridade máxima. São eles: Boa Viagem,
Caponga, Irapuã Pinheiro, Iracema, Mombaça, Mulungu, Pacoti, Palmácia, Pedra
Branca, Pereiro e Tamboril.
SAIBA MAIS
Atualmente, dos 153 açudes monitorados
pela Cogerh no Ceará, 82 estão com volume inferior a 30%
Apenas o Gameleira (Bacia Litoral), o Quandú
(Bacia Litoral) e o Maranguapinho (Bacia Metropolitana) estão com capacidade
acima de 90%
A média do acumulado em todos os açudes
do Estado é de 12,2%
A Bacia do Baixo Jaguaribe é a que está
em situação mais grave com o aporte quase zerado
As bacias do Curú, Sertões de
Crateús e Banabuiú estão com volume inferior a 3%
A Bacia de Coreaú tem o maior volume
acumulado, com 42,51%
Fonte: Diário do Nordeste