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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Somente este ano, quatro radialistas foram assassinados no Ceará

Este ano, quatro radialistas foram assassinados a tiros no Ceará. Os crimes aconteceram no Interior e, na maioria dos casos, a motivação teria sido envolvimento político. De acordo com profissionais da área, “falar demais”, principalmente sobre denúncias de corrupção, é o que determina a sentença de morte dos comunicadores. Entidades que representam a categoria acreditam que maior qualificação profissional e mais acompanhamento e investigações sobre as denúncias de ameaça podem reduzir o número de atentados.
Os crimes ocorridos este ano foram contra o repórter policial Patrício Oliveira, 39, morto em março no município de Brejo Santo, após deixar a sede da rádio Sul Cearense AM; o radialista Francisco Rodrigues de Lima, 62, assassinado no estacionamento da rádio FM Monte Mor, em Pacajus; o apresentador de um programa político em Camocim, Gleydson Carvalho, morto no dia 6 de agosto dentro dos estúdios da rádio Liberdade FM. O último crime foi na sexta-feira, 21, quando o radialista e também vereador de Barreira, no Maciço de Baturité, José Targino dos Santos, o Faceta, levou um tiro no peito após discussão política em um bar.
Uma audiência pública reuniu radialistas e parlamentares, ontem à tarde, na Assembleia Legislativa do Ceará. Durante o encontro, profissionais pediram mais atenção do poder público na identificação dos criminosos, proteção por parte das empresas de comunicação e ajuda dos sindicatos que os representam. De acordo com o presidente da Associação de Imprensa do Sertão Central, Wanderley Barbosa, em três anos, três casos de agressão foram registrados pela entidade, nas cidades de Quixadá, Senador Pompeu e Banabuiú. Em nenhum dos casos houve prisão dos autores.
Entidades
“No Interior, o rádio é um meio de comunicação muito poderoso e tudo que se fala tem repercussão. A grande maioria das emissoras pertence a políticos, e o radialista está no meio dessa história de rivalidade”, detalhou Wanderley. Conforme ele, qualificar os profissionais da comunicação, que muitas vezes chegam a envolver a vida particular de políticos em meio às denúncias feitas, é uma das formas de evitar mais casos de violência. 
Para o advogado Dennis Luís, do Sindicato dos Radialistas do Ceará, que recebeu acusações da categoria sobre deficiências de atuação, a solução para o problema vivido no Interior depende da investigação policial. “O papel do sindicato é tentar acompanhar o que aconteceu. Damos orientações aos afiliados. Mas, no tocante ao fato morte, não tem como o sindicato tomar uma providência que pudesse evitar. O sentido hoje é prevenir”, afirmou.
O diretor jurídico da Associação Cearense de Emissores de Rádio e Televisão (Acert), Afro Lourenço, ressaltou que o órgão faz os registros dos atentados, mas que acabam “não dando em nada”. “As empresas fazem a sua parte, mas se matam (os profissionais) do lado de fora. O poder público precisa fazer a sua parte”, acrescentou.
Assembleia
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia, deputado José Ailton Brasil (PP), afirma que deverá haver maior cobrança da Casa para celeridade na apuração dos crimes. “Vamos cobrar da Polícia a identificação dos suspeitos e acompanhar os casos”, garantiu.
“Nos últimos anos, já são sete profissionais assassinados (um em 2013, dois em 2011 e quatro em 2015). É preciso que as emissoras coloquem segurança armada na porta”, sugeriu o deputado Ferreira Aragão (PDT), que requereu a audiência.
Fonte: Jornal O Povo