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quinta-feira, 27 de agosto de 2015

ACOPIARA: UM VISIONÁRIO ALÉM DE SEU TEMPO

Quero aqui parabenizar ao primo Idalmi Pinho pela belíssima biografia sobre a vida de meu tio bisavô Coronel Chico Guilherme e aqui com o maior prazer divulgo, pois a população de Acopiara precisa conhecer a história de nosso querido município. 


BIOGRAFIA DE FRANCISCO GUILHERME HOLANDA LIMA
(CORONEL CHICO GUILHERME)

Francisco Guilherme Holanda Lima, Coronel Chico Guilherme ou simplesmente Chico Guilherme, como era conhecido por todos, nasceu em 15 de março de 1890, no sítio Salva Vidas na cidade de Quixeramobim no Estado do Ceará. Filho de Antonio Guilherme Holanda e Teodelina Gomes Lima. Seu pai, um nobre empresário holandês que veio para o Brasil em um navio negreiro e ao aportar no Recife em Pernambuco seguiu para o Ceará e escolheu a cidade de Quixeramobim, onde fixou residência tornando proprietário da Fazenda Salva Vidas, onde conheceu sua esposa Teodelina e dessa união nasceram 18 filhos, dentre eles Francisco Guilherme Holanda Lima.
Em 1910, ao completar 20 anos, Chico Guilherme, com o mesmo espírito empreendedor do pai, desembarcou de trem em Lajes, hoje Acopiara, e fixando residência, comprou bastantes terrenos, se tornando o principal proprietário de grande extensão do território e povoado chamado Lajes. 
Em um desses terrenos construiu e abriu a primeira loja de tecidos do então povoado com o nome Casa São Francisco, tornando-se assim o primeiro empresário do local, loja essa que ficava na rua conhecida antigamente como beco do aperto, onde funcionou o Mercantil de seu Alcebíades, antiga Rua Manoel Ferreira Lima, lado sul do atual Mercado Central, hoje Galeria Almerinda Gurgel (em homenagem a sua esposa).
Em 23 de setembro de 1911, Francisco Guilherme Holanda Lima, casou-se com a senhora Almerinda Gurgel Valente, filha de Henrique Gurgel do Amaral Valente, o “vovô do Rio” e Joana Gondim Valente. Após o casamento, sua então esposa, passou a assinar o nome Almerinda Gurgel de Lima, depois ficou conhecida, carinhosamente, por “D. Neném Guilherme”. 
Dessa união de Chico Guilherme e Almerinda, abençoada pelo Padre José Coelho, nasceram 14 filhos: Teodelina, Antônio Guilherme, Pedro Guilherme, Adelaide, José Guilherme, Maria, Rosmarie, Madalena, Terezinha, Luiz Guilherme, Francisco Guilherme (I), Francisco Guilherme (II), Joana – conhecida por Janete e Raimundo Guilherme.
A primeira residência do casal foi na Rua Dom Quintino, ao lado do Centro Social Paroquial, na saída para Iguatu. A segunda, conhecida como a residência oficial do casal, ficava na antiga “Rua dos Guilhermes” hoje, Avenida Cazuzinha Marques, precisamente a mansão de nº. 160, que foi demolida e atualmente funciona o Mercantil Albuquerque.
Com o espírito empreendedor, Chico Guilherme abriu também a primeira indústria de compra, venda e beneficiamento de algodão, a Usina São Francisco, localizava-se na Rua Santo Dumont com Cazuzinha Marques. Que depois vendeu ao seu cunhado Francisco Gurgel Valente.
Na área do Prado, (lugar esse, nas imediações, onde fica hoje a casa do casal Afrânio e Nicole), Chico Guilherme cedeu terrenos a Quintino Cunha que foi Juiz de Direito em Lajes, onde o mesmo construiu uma bela casa com árvores, criação de animais e cata-vento, e recebia os amigos para degustar o “leitão recheado” feito por suas próprias mãos. 
Ainda na área do Prado implantou uma nova usina que mais tarde foi vendida a Exportadora Cearense, e depois vendida a Francisco Alves Sobrinho, passando a se chamar Usina de Algodão e Óleo São Francisco. 
Como verdadeiro pioneiro e a frente do seu tempo, foi dele o primeiro caminhão que apareceu em Acopiara, um Ford a manivela, guiado pelo motorista conhecido por Cipoada, que passou a transportar, no dito caminhão, os fardos de algodão das Usinas para a Estação Ferroviária. 
Quando da escolha e eleição de Celso Castro como primeiro prefeito de Acopiara foi indicação de Chico Guilherme que bancou toda sua campanha. 
Quando o prefeito Miguel Galdino quis trazer a energia elétrica para o nosso município, quem fez toda intercessão junto ao Governo Estadual e Federal foi o Coronel Chico Guilherme. 
No desejo de ver o progresso chegar a esta cidade o então Coronel Chico Guilherme com a compra do restante do terreno, assim chamado, “Patrimônio de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro” vendido, ao mesmo, pelo Padre Leopoldo Rolim, Chico Guilherme alforriou-os e entregou-os “de mão beijada” com gratuidade e estratégica para que a cidade se desenvolvesse de forma harmoniosa, simpática e acolhedora.
Doou o terreno para a construção da Praça da Matriz, da Igreja Matriz Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da Casa Paroquial, do Centro Social, do Cemitério. Doou ainda os terrenos, onde mais tarde foram construídos os Correios, a Teleceará, o Clube Social de Acopiara, o Prédio da Associação Comercial, Hoje ONG Raízes, a Praça dos Leões, hoje o Pólo de Lazer. Doou também o terreno para a construção da Coletoria Estadual, Hoje Secretaria Municipal de Administração e Finanças, doou terreno para a construção do Grupo Escolar Pe. João Antônio, dentre outros.
A sua filha Joana Gurgel (Janete) é detentora de todos os documentos que comprovam a alforria desses terrenos e as doações supracitadas, cópias autênticas adquiridas nos cartórios locais e nos cartórios da cidade de Iguatu.
Com os negócios prosperando, vovô Chico, tornou-se proprietário de várias fazendas de gado, plantio de algodão e outras lavouras, escolhendo, dentre elas, a Fazenda Catanduva no sítio Catanduva, como sua última morada, e imediatamente como empresário e fazendeiro recebeu o justo título de Coronel. 
Por fim, Francisco Guilherme Holanda Lima, não exerceu mandato político, mas Ele foi a “alma viva” do progresso de Acopiara. Era conservador, mas não reacionário. Fidalgo, cordato, educado, fino, nobre nas atitudes. 
Dizer que pertencia à nobreza é uma injustiça, se tomarmos o conceito europeu e clássico de nobreza. Era burguês, sim, mas não era arrogante nem prepotente. Era manso e humilde de coração. Temente a Deus, devoto de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e de São Francisco. Não era culto, mas ético, educado, empreendedor, cidadão informado e atualizado com o mundo que o cercava. 
Francisco Guilherme Holanda Lima morreu em 10 de maio de 1964, na sua Fazenda Catanduva por volta das 18h30min. Na noite chuvosa, a cavalo, o morador José Luiz veio à cidade, trazer a notícia aos membros da família e chegando disse: _ “Coronel Chico Guilherme é com Deus!” De imediato, os genros João Holanda Lima e Júlio Holanda Lima, em companhia de Lourival, foram de caminhonete trazer o corpo para ser velado na cidade. A cerimônia fúnebre foi conduzida pelo Padre Crisares Sampaio Couto, familiares e amigos. Que se despediram com muito pesar e recomendaram Chico Guilherme à morada eterna.
“Impossível é andar em Acopiara sem que não tenha de pisar em terra dada, de mão beijada, à comunidade, pelo Coronel Chico Guilherme!” 
(Waldir Sombra).

Escrito Por Idalmi Pinho Guilherme – Filho de Raimundo Gurgel Guilherme e Maria Ená Correia Pinho. (Neto do Vovô Chico Guilherme).

Fontes Bibliográficas:
• Textos escritos por ocasião do Centenário de Francisco Guilherme Holanda Lima - Historiador Dr. Waldir Sombra – casado com Maria Júlia (também neta do Coronel Chico Guilherme).
• Livro “Lages (Povos e Povoações) 1921” / Celso Albuquerque Macêdo / 2003.
• Livro “Acopiara – Formação Histórica e Política” / Paz Loureiro / 2007.
• Site: www.familiagurgeldeacopiara.com.br / Jornalista e Escritor João Bosco Serra e Gurgel.
• Contribuições de Joana Gurgel (Janete), Adaiza Fernandes e Seu Deuzim..