Dois novos vazamentos foram verificados pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), no início da noite desta sexta-feira(27), na adutora que deverá levar água do açude Gameleira para a cidade de Itapipoca, na zona Norte do Ceará, a 130 km de Fortaleza. De acordo com a Cagece, a Companhia "trabalha para solucionar os novos vazamentos e a previsão é de que ainda na noite desta sexta-feira, possam ser reiniciados os testes na adutora".
Nesta sexta-feira, dois engenheiros da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) estiveram em Itapipoca para examinar o material utilizado pela Primor Construções nas obras da adutora. A obra, orçada em R$ 18 milhões, com 32 quilômetros de extensão, e seria entregue nos próximos dias. “Nós temos em adutoras desse porte ocorrências normais de vazamento, no entanto, em determinados trechos dessa adutora nós tivemos uma frequência maior dessas ocorrências que inviabilizaram o funcionamento adequado logo de imediato”, explica o presidente da Cagece, André Facó.
A adutora está em construção desde 2011, mesmo ano em que deveria ter sido terminada, mas a conclusão foi adiada após a empresa responsável, a PWE Engenharia, ir à falência. Logo depois a obra foi assumida pela Primor Construções Ltda, que deveria entregar a adutora neste mês de dezembro. Na segunda-feira (23), o governador Cid Gomes se deslocou até o município e participou dos trabalhos de reparo da adutora. O governador classificou a obra de “criminosa” e determinou que um inquérito policial fosse instaurado para apurar responsabilidades.
De acordo com o Delegado Geral de Polícia Civil, Andrade Júnior, o inquérito deverá ser concluído em 10 dias. “Todos os contratos serão investigados, as perícias serão decisivas e as pessoas envolvidas serão responsabilizadas, se for o caso, pela não execução da obra”. Segundo o delegado a investigação seguirá em duas frentes. “Vamos verificar se há uma possível conduta criminosa das pessoas responsáveis pela obra, como também será investigada a conduta das responsáveis por receber a obra. Temos de ver os dois lados”, explicou. Se for constatado crime doloso (não acidental), os responsáveis podem pegar até 12 anos de prisão, afirmou Andrade Júnior.