A ex-prefeita de Fortaleza e presidente estadual do PT, Luizianne Lins, admitiu ontem, pela primeira vez, a possibilidade de deixar o partido. Ela confirmou que recebeu um convite para ingressar no PSB e disputar o Governo do Estado no próximo ano pela sigla, comandada nacionalmente pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Embora tenha reforçado sua forte ligação com o PT – único partido ao qual foi filiado até hoje -, a ex-prefeita afirmou que sua decisão vai depender da conjuntura estadual.
“Não sei o que pode acontecer. (...) Estou discutindo, conversando. Vou apresentar a proposta que me fizeram para meu grupo político. Até o fim desse mês e começo do próximo, a gente vai discutindo”, disse Luizianne. Ela participou como mediadora, na noite de ontem, do debate entre os candidatos a presidente nacional do PT, em Fortaleza.
Um dos principais fatores que pesarão na decisão, de acordo com a ex-prefeita, é a participação do PT no Ceará na gestão do governador Cid Gomes (PSB). “Embora seja presidente, não concordo com permanência do PT no Governo do PSB aqui no Ceará. Acho que o PT tinha que ter candidatura própria. Então vamos ver como vai ser. Estou só esperando”, pontuou Luizianne, acrescentando que o cenário será de “fortes emoções”.
Durante o evento, Luizianne comunicou que o Ministério Público Eleitoral do Ceará, através do promotor Sávio Amorim, deu parecer favorável à representação em que o PT pede a cassação do prefeito Roberto Cláudio e o vice Gaudência Lucena (PMDB), por suposto abuso de poder político e financeiro na eleição do ano passado. O processo será julgado pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Atual presidente do PT e favorito à reeleição, Rui Falcão minimizou a saída do PSB do Governo Federal e disse ter esperanças de reaproximação e de não candidatura de Campos.
Posição diferente da maioria dos outros cinco candidatos ao comando do partido - Paulo Teixeira, Renato Simões, Valter Pomar, Serge Goulart e Marcos Sokol -, que fizeram várias críticas à atual política de alianças do PT e defenderam que a sigla repense sua base de sustentação. As críticas foram direcionadas principalmente a PSB e a PMDB. Além disso, os demais candidatos discordaram da forma como o partido tem conduzido a mobilização pela reforma política. A eleição no PT ocorre dia 10 de novembro.