A gente nunca sabe quando vai surgir uma emergência. Mas quando uma mulher precisou de ajuda nos Estados Unidos, na semana passada, dois meninos sabiam o que fazer.
Susanna Rohm estava em casa, sozinha com o filho: "Notei que ele parou de reagir ao meu sorriso. Coloquei o dedo embaixo do narizinho e vi que ele não estava respirando", ela conta.
Susanna correu para a rua e achou Ethan, de 10 anos, e Rocky, de 9, brincando de bola.
Os garotos ligaram para o resgate e, antes mesmo de a ambulância chegar, ensinaram a mãe a socorrer o bebê. "Use dois dedos e pressione o peito dele", disse Rocky.
"Eles estavam tão seguros, que eu obedeci", declara Susanna. Deu certo. O filho de Susanna voltou a respirar.
No Brasil o Fantástico encontrou uma história bem parecida, que aconteceu com uma família que vive no interior de São Paulo. O João Victor virou herói na cidade, ele conseguiu salvar o irmãozinho, o Tiago.
“A gente estava arrumando a mala para a gente poder viajar, aí minha mãe percebeu que o Tiago não estava”, lembra.
Tiago, de 1 ano, tinha caído na piscina. “Eu olhei assim para a piscina, eu vi o pezinho dele. Eu saí correndo e pulei na piscina. Naquela época não tinha grade. Entrei, peguei, coloquei no chão e fiz a massagem”, lembra João Victor.
Tanto o João Victor como os meninos americanos sabiam prestar primeiros socorros. João Victor aprendeu no acampamento de escoteiros. Rocky e Ethan, na escola.
Bombeiros participam de um programa que vai a escolas públicas paulistas para ensinar prevenção de acidentes e procedimentos de emergência.
Primeira lição: ligar para os serviços de resgate.
Um detalhe: nem sempre a respiração boca a boca é indicada. “Em atendimento de rua, ou em atendimento público, isso deve ser evitado porque você não tem a condição mínima de se proteger”, diz o Dr. Mario Quintas, do Hospital das Clínicas - USP.
Até os professores aprendem. “Não tinha conhecimento. Entraria em pânico e talvez acabaria prejudicando ao invés de ajudar”, diz uma delas.
No Brasil, não existe uma lei que obrigue as escolas a ensinar primeiros socorros.
“Mas a gente incentiva sempre, não só bombeiros, Samus, a rede médica, mas outros parceiros que tenham essa experiência e possam visitar as escolas e participar”, declara Romeu Caputo, Secretário de Educação Básica do MEC.
O conhecimento do João Víctor foi fundamental. Marco Barroca, diretor do hospital que atendeu o irmãozinho dele, confirma: “A atitude do irmão salvou a vida ou pelo menos minimizou uma possível sequela que ele pudesse ter. O cérebro, três minutos sem oxigenação, a pessoa desmaia, com cinco minutos já pode ter lesão irreversível”, explica.
“Eu guardei todas as coisas para ele ver que o irmão salvou ele, que ele está vivo por causa do irmão, né?”, conta a mãe dos meninos.
“Me sinto um herói salvando meu irmão”, revela João.