Uma família da cidade do Crato, a 502,3 km de Fortaleza, é investigada pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) após fingir que a filha tinha um tipo raro de câncer no cérebro e arrecadar cerca de R$ 32 mil em campanhas de solidariedade. Os suspeitos diziam que o dinheiro arrecadado seria utilizado em uma cirurgia que seria feita em São Paulo por uma médica que viria do Japão apenas para fazer o procedimento.
A campanha solidária ganhou notoriedade na região e chegou a ser veiculada em alguns veículos de comunicação locais, com o objetivo de engajar a população na arrecadação do valor da operação.
Um desses portais foi o News Cariri, que foi o responsável por descobrir o golpe. Wesley Martin, diretor do portal, começou a desconfiar da história quando o pai da jovem entrou em contato pedindo para que ele retirasse a reportagem do ar. O homem disse que a sogra não teria gostado da repercussão.
Wesley, então, começou a fazer uma série de questionamentos sobre a cirurgia, por exemplo, os exames que comprovaram a doença e o nome da médica que faria o procedimento.
“Eu consegui o telefone da clínica para falar com a médica e com esse pessoal. Eles disseram que não estavam atendendo ninguém de Juazeiro e que a médica não fazia cirurgia, só tratamentos”, disse Wesley em entrevista ao repórter Guilherme Carvalho, da rádio CBN Cariri.
No dia seguinte, ele foi até um posto de saúde e conversou com um médico que já tinha visitado a residência da jovem. O profissional disse que também tinha sentido um pouco de insegurança na conversa dos pais e que não tinha visto o exame.
“Eu sugeri que a gente fosse fazer o exame com a menina para tirar essa dúvida. Eles concordaram, e a gente foi”, continua o jornalista. “O médico até brincou [dizendo] que ela estava com muita saúde. Que ela nunca teve nada.”
Wesley, então, sugeriu que a família entregasse todo o dinheiro arrecadado com o golpe para o Instituto de Apoio à Criança com Câncer (IACC) de Barbalha. O dinheiro foi transferido um dia depois da descoberta.
O caso passou a ser investigado pela Delegacia Regional da Polícia Civil do Crato após o registro de um Boletim de Ocorrência (B.O) realizado na quarta-feira, 24. De acordo com o código penal brasileiro, o crime de estelionato virtual tem uma pena que pode variar de quatro à oito anos de reclusão.
Fonte: O Povo