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quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Prognóstico da quadra chuvosa 2022 será apresentado nesta quinta-feira


O estado do Ceará vive a expectativa do anúncio do primeiro prognóstico da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) referente à quadra chuvosa de 2022. A estimativa será divulgada nesta quinta-feira, 20, às 9 horas, e indicará as tendências para a estação chuvosa deste ano.

O primeiro prognóstico de 2022 apontará a expectativa da Funceme para os meses de fevereiro, março e abril, os três primeiros da quadra chuvosa. Historicamente, os três primeiros meses da estação chuvosa correspondem à maior parte das chuvas do ano no Ceará.

"A divulgação do prognóstico climático é sempre ansiosamente aguardada, já que indica as tendências para a qualidade da estação chuvosa, apontando as probabilidades para ocorrer cada uma das três categorias: acima, em torno ou abaixo da normal climatológica", explica a meteorologista da Funceme, Meiry Sakamoto.

Em 2021, o anúncio foi feito na mesma data deste ano (20 de janeiro), e apontou para chuvas abaixo da média histórica. A previsão acabou se confirmando, já que o trimestre de fevereiro a abril de 2021 registrou apenas 438.1 milímetros de chuva, ficando 14,1% abaixo dos 510.1 milímetros esperados para o período.

Dos três meses que fazem parte do prognóstico inicial da Funceme, março é o que possui a maior média histórica de precipitações, com 203.4 milímetros, seguido pelo mês de abril, com 188 mm e fevereiro com 118.6 mm.

De acordo com Meiry, os primeiros meses do ano são fundamentais para que o Estado consiga manter uma boa situação hídrica durante todo o ano. "Ter boas chuvas nesse período é crucial para todos os cearenses, já que são essas chuvas que garantem o aporte nos açudes do Estado, ou seja, a água em nossas torneiras, e também, claro, garantem a nossa produção agrícola".

A média histórica do Estado para o período da quadra chuvosa (fevereiro a maio) é de 600.7 mm, em 2021, o observado ficou 11,4% abaixo do esperado, com apenas 532 mm registrados durante os quatro meses, sendo a pior marca dos últimos cinco anos.

De acordo com a meteorologista da Funceme, o prognóstico das chuvas pode ser utilizado pelos mais diversos setores no Ceará, dos agricultores, que podem decidir o melhor momento para realizarem o plantio da terra, até o setor de energias renováveis.

"Indicativos da qualidade da estação chuvosa também podem ser úteis para o setor de energias renováveis, menos chuva, indicaria menos nuvens, e daí, mais radiação solar, o que aumentaria a geração de energia solar", destaca.

Entre 2017 e 2021, apenas 2019 e 2020, superaram a média histórica da quadra chuvosa. Com as poucas chuvas registradas em 2021, o ano terminou com pouco mais de 20% de aporte hídrico total e 80 açudes abaixo de 30%, segundo a Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará (SRH-CE).

De acordo com a resenha diária divulgada pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), no último dia 18 de janeiro, 71 dos 155 açudes monitorados estão com o volume abaixo de 30%, o número é um pouco melhor do que o registrado no fim do último ano.

Ainda segundo os dados da Cogerh, 17 reservatórios encontram-se com volume morto e outros oito estão secos. No Ceará, apenas a barragem do Batalhão, em Crateús, sangrou até o momento, em 2022, além do Batalhão, o açude Germinal, em Palmácia, é o único com volume superior a 90% de sua capacidade.

De acordo com o secretário dos Recursos Hídricos, Francisco Teixeira, a precisão das previsões realizadas pela Funceme tem sido fundamental para que a SRH consiga administrar a matriz hídrica que vai abastecer cada região.

"É importante saber os cenários apontados, para desenvolver um planejamento de abastecimento das nossas cidades. O grupo de contingência avalia, semanalmente, a situação hídrica de cada município individualmente", explica.

Em relação ao volume dos três maiores açudes do Estado: o Castanhão, um dos reservatórios responsáveis pelo abastecimento da capital cearense e da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) está com 8,5% de sua capacidade. Já o reservatório de Orós está com 22,9% do seu volume total. Por fim, o açude de Banabuiú tem 8,2% de volume.

Em relação ao que o Estado pode esperar de aporte hídrico durante a quadra chuvosa, Francisco Teixeira relata que, somente após o período, será possível traçar um panorama das bacias hidrográficas em 2022.

"Para reservatórios como o Castanhão, Orós e Banabuiú terem uma reserva representativa, a chuva tem que cair de forma intensa em um curto espaço de tempo, e cair no local certo, para que aquela água possa ser canalizada e causar o aporte no reservatório", completa Francisco Teixeira.

Chuvas na pré-estação

No Ceará, o período da pré-estação chuvosa corresponde aos meses de Dezembro e Janeiro, levando em consideração os dados divulgados no portal da Funceme, o atual bimestre já ultrapassou a média histórica do período, antes mesmo do fim deste mês. Com 175.4 mm observados até a manhã do dia 19 de janeiro, a atual pré-estação está 34,6% acima do esperado para o período, que é de 130.3 mm.

Em um comparativo com as últimas cinco pré-estações no Ceará, os dados registrados neste bimestre só ficam atrás dos 195.8 mm observados na pré-estação de 2019, quando 195.8 mm de chuva foram registrados no período.

Apesar do dado positivo apresentado na atual temporada, ainda no início da pré-estação, a meteorologista da Funceme, Meiry Sakamoto, já havia alertado, no início de dezembro, que as chuvas registradas não servem de parâmetro para a quadra chuvosa, já que as condições climáticas passam por mudanças frequentes.

De acordo com a Funceme, os dados preliminares indicam que as macrorregiões com maiores acumulados médios, durante a pré-estação, são o Cariri (39,1% acima de média) e a Ibiapaba (36,3% acima).

Fonte: O Povo