Um estudo idealizado por uma pesquisadora brasileira estima que a expectativa de vida do cearense deve reduzir em, pelo menos, 2,1 anos por causa da Covid-19. Se considerados óbitos por complicações respiratórias, a queda é ainda maior, 2,7 anos. Os dados analisam óbitos provocados pela doença durante o ano de 2020 e confirmados pelas autoridades sanitárias.
A pesquisa ainda é um preprint, ou seja, não foi revisada por outros cientistas e espera aprovação para publicação. Porém, o estudo encabeçado pela demógrafa brasileira Márcia Castro já foi submetido ao periódico medRxiv, da Universidade de Yale, dos Estados Unidos.
A expectativa de vida é a idade media em que a população de um território pode esperar viver, levando em conta as condições de vida que uma pessoa dispõe durante o nascimento. No Ceará, por exemplo, entre 2000 e 2020, conforme o estudo, que utiliza dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida total saiu de 69,4 anos para 74,7.
Ou seja, o Ceará demorou 20 anos para elevar em 5,3 anos a expectativa de sua população. Em apenas um ano, por causa do coronavírus, esse índice pode cair 2,1 anos.
De acordo com o estudo, a expectativa de vida do cearense em 2020 sem a presença da Covid-19 era de cerca de 74,7 anos. Contudo, com a disseminação do coronavírus esse índice cai para dois possíveis cenários: 72,6 anos ou 72 anos.
No primeiro cenário, são consideradas todas as mortes por Covid-19 confirmadas em 2020. No segundo, são levados em conta todos os óbitos provocados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), ainda que não tenham sido confirmadas como tendo sido provocadas pelo coronavírus.
Homens são mais afetados
Nos dois cenários, a estimativa é que a expectativa de vida dos homens cearenses seja menor que a das mulheres.
Se fossem consideradas todas as mortes por SRAG, como sugere o segundo modelo, as quedas nas expectativas de vida de homens e mulheres, podem ser, respectivamente, 2,5 e 2,7 anos.
A nível regional, o Ceará é o que deve apresentar a segunda maior queda na expectativa de vida da região Nordeste, perdendo apenas para Sergipe, cuja estimativa é de 2,2 anos a menos por causa do vírus.
No topo da lista estão Distrito Federal (3,7 anos a menos); Amapá (3,6); Roraima (3,4); Amazonas (3,3) e Espírito Santo (3). A nível nacional, o brasileiro deve viver, nos próximos anos, 1,94 ano a menos.
Veja a lista dos estados com maiores quedas:
Distrito Federal: 3,7
Amapá: 3,6
Roraima: 3,4
Amazonas: 3,3
Espírito Santo: 3
Mato Grosso: 2,9
Acre: 2,7
Rio de Janeiro: 2,6
Sergipe: 2,2
São Paulo: 2,1
Rondônia: 2,1
Ceará: 2,1
Fonte: G1