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sexta-feira, 5 de março de 2021

Butantan pede autorização à Anvisa para testar soro contra covid-19 em humanos


O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, anunciou hoje ter feito uma solicitação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para autorizar o início de estudos clínicos em pessoas de um soro de tratamento para a covid-19. Ele disse que um dossiê com os resultados foi enviado na terça-feira, 2, cujo retorno com observações é esperado até o fim do dia.

Assim como em uma iniciativa no Rio e pesquisas em outros países, como na Argentina, o soro é desenvolvido a partir do plasma de cavalos. Segundo o diretor, o estudo se mostrou seguro e efetivo nos testes pré-clínicos, feitos em camundongos e coelhos. "Está mostrando resultados extremamente promissores. Esperamos que a mesma efetividade seja mostrada nesses estudos clínicos", disse, durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.

Ao todo, três mil frascos estão prontos para iniciar o estudo clínico, que será realizado em pacientes transplantados do Hospital do Rim e com comorbidades do Hospital de Clínicas, ambos da capital paulista, nos quais serão conduzidos, respectivamente, pelos médicos José Medina e Esper Kallas.

"Esse material foi todo desenvolvido no Butantan. O vírus foi isolado de um paciente brasileiro. Foi, na sequência, cultivado, inativo, submetido a vários testes em camundongos e, finalmente, levado a imunizar os animais", explicou Dimas Covas.

"Esses animais (cavalos) foram submetidos a esse vírus e, na sequência, produziram anticorpos. O plasma desses animais foi coletado e processado nas nossas instalações, dando origem ao produto."

Ao longo do estudo, foi constatada a diminuição da inflamação dos pulmões de hamsters após um dia de tratamento, o que pode contribuir na redução da letalidade da covid-19. "Esperamos que a mesma efetividade seja demonstrada agora nesses estudos clínicos, que poderão ser autorizados na próxima semana para ter o seu início", destacou o diretor.

Em entrevista ao Estadão em fevereiro, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora de inovação do Butantan, explicou que o vírus foi inativado por radiação para poder circular sem risco. "Fizemos análise bioquímica, caracterizamos o vírus, as proteínas, se era capaz de produzir anticorpos, se eram capazes de neutralizar o vírus ativo. Isso tudo feito", comentou.

Informação Uol Notícias