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domingo, 26 de julho de 2020

MPCE investiga venda de armas por policiais civis para criminosos

Os supostos crimes cometidos dentro da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD), da Polícia Civil, seguem sob investigação, dois anos e meio após a deflagração da Operação Vereda, pela Polícia Federal (PF). A reportagem apurou que o Ministério Público do Ceará (MPCE) se debruça sobre venda de armas de fogo feita pelos policiais civis da Especializada para criminosos.

Apesar da investigação ser da Polícia Federal, a 32ª Vara da Justiça Federal no Ceará declinou da competência parcial do processo e remeteu os autos e um áudio para o MPCE apurar a suspeita de venda de armas de fogo por agentes da Segurança Pública do Estado, no ano passado.

No último dia 14 de maio, o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc), do Ministério Público, enviou um ofício à 32ª Vara Federal para solicitar as cópias da investigação, já que "tais documentos não se encontram acostados nestes autos, não nos permitindo ter o conhecimento dos elementos já colhidos durante a investigação criminal".

Questionado sobre o andamento da investigação e as provas enviadas pela Justiça Federal, o MPCE informou, em nota, que os procedimentos do Nuinc são sigilosos e que nenhuma informação pode ser repassada.

Operação

A PF já deflagrou duas fases da Operação Vereda para combater os crimes cometidos na Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas. Na primeira, em 6 de dezembro de 2017, foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra três delegados, mais 13 policiais civis e outras nove pessoas. Seis suspeitos, sendo dois inspetores da Especializada, foram presos em flagrante, na posse de ilícitos.

A investigação começou após um acordo de colaboração premiada entre o português Carlos Miguel de Oliveira Pinheiro, acusado de vender ilegalmente anabolizantes trazidos da Europa para o Ceará, e o Ministério Público Federal (MPF). O estrangeiro delatou que teve os bens subtraídos por policiais civis em pelo menos duas ocasiões, em 2015, e ainda teve que pagar propina, para não ser preso.

Na segunda fase da Operação, batizada 'Vereda Sombria', em 27 de julho de 2018, a PF cumpriu mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal contra 16 integrantes da DCTD.

Os policiais civis são suspeitos de crimes como extorsão, roubo, receptação, tortura, organização criminosa, embaraço à investigação de organização criminosa, tráfico de drogas, abuso de autoridade, usurpação da função pública, favorecimento pessoal e violação de domicílio. A Operação Vereda resultou também no afastamento dos servidores e na troca do efetivo da DCTD, da direção aos inspetores.

Os policiais civis negam as acusações e afirmam que foram vítimas de uma investigação conduzida equivocadamente por um delegado da Polícia Federal.

Com informações Diário do Nordeste