Os supostos crimes cometidos dentro da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD), da Polícia Civil, seguem sob investigação, dois anos e meio após a deflagração da Operação Vereda, pela Polícia Federal (PF). A reportagem apurou que o Ministério Público do Ceará (MPCE) se debruça sobre venda de armas de fogo feita pelos policiais civis da Especializada para criminosos.
Apesar da investigação ser da Polícia Federal, a 32ª Vara da Justiça Federal no Ceará declinou da competência parcial do processo e remeteu os autos e um áudio para o MPCE apurar a suspeita de venda de armas de fogo por agentes da Segurança Pública do Estado, no ano passado.
No último dia 14 de maio, o Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc), do Ministério Público, enviou um ofício à 32ª Vara Federal para solicitar as cópias da investigação, já que "tais documentos não se encontram acostados nestes autos, não nos permitindo ter o conhecimento dos elementos já colhidos durante a investigação criminal".
Questionado sobre o andamento da investigação e as provas enviadas pela Justiça Federal, o MPCE informou, em nota, que os procedimentos do Nuinc são sigilosos e que nenhuma informação pode ser repassada.
Operação
A PF já deflagrou duas fases da Operação Vereda para combater os crimes cometidos na Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas. Na primeira, em 6 de dezembro de 2017, foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra três delegados, mais 13 policiais civis e outras nove pessoas. Seis suspeitos, sendo dois inspetores da Especializada, foram presos em flagrante, na posse de ilícitos.
A investigação começou após um acordo de colaboração premiada entre o português Carlos Miguel de Oliveira Pinheiro, acusado de vender ilegalmente anabolizantes trazidos da Europa para o Ceará, e o Ministério Público Federal (MPF). O estrangeiro delatou que teve os bens subtraídos por policiais civis em pelo menos duas ocasiões, em 2015, e ainda teve que pagar propina, para não ser preso.
Na segunda fase da Operação, batizada 'Vereda Sombria', em 27 de julho de 2018, a PF cumpriu mandados de prisão expedidos pela Justiça Federal contra 16 integrantes da DCTD.
Os policiais civis são suspeitos de crimes como extorsão, roubo, receptação, tortura, organização criminosa, embaraço à investigação de organização criminosa, tráfico de drogas, abuso de autoridade, usurpação da função pública, favorecimento pessoal e violação de domicílio. A Operação Vereda resultou também no afastamento dos servidores e na troca do efetivo da DCTD, da direção aos inspetores.
Os policiais civis negam as acusações e afirmam que foram vítimas de uma investigação conduzida equivocadamente por um delegado da Polícia Federal.
Com informações Diário do Nordeste