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sábado, 27 de junho de 2020

Mãe com Covid-19 em coma induzido dá à luz a bebê prematuro

Diana Angola lutou para não morrer aos 36 anos e com o filho no ventre. A colombiana estava com Covid-19, pulmões deficientes e coma induzido quando deu à luz a Jefferson. O que mais impressiona os médicos é que ela permanece viva.

O segundo filho de Diana nasceu há 24 dias, em um parto de alto risco devido aos danos causados pelo novo coronavírus, explicou Paula Velásquez, médica da clínica Versalles, na cidade de Cali, ao sudoeste da Colômbia, onde o nascimento ocorreu. "Foi um caso que gerou muito choque, porque, até agora, sabemos que existem muito poucos relatos de sobrevivência em um contexto tão grave quanto o da nosso paciente", assinalou. 

Diana foi induzida ao coma e submetida a uma cesariana porque sua capacidade pulmonar foi comprometida pelo vírus, que a fez ser hospitalizada em 15 de maio, após uma febre incontrolável. Três dias depois, ela foi intubada e permaneceu assim até a cirurgia. 

Além disso, devido à gravidez, os médicos a mantinham sentada em um ângulo de 45 graus, para que ela pudesse respirar melhor, devido à impossibilidade de deitá-la de bruços, posição em que pacientes com a nova pneumonia são frequentemente tratados.

O parto de Jefferson, que não foi infectado, teve outra dificuldade: ele era um bebê prematuro. O menino nasceu quando a mãe completava 24,3 semanas de gestação, entre catorze e 18 semanas a menos do que se costuma dar à luz. 

"Um ser humano pode sobreviver a partir de 24 semanas com um bom peso, mas com muita tecnologia e resultados em neurodesenvolvimento e no nível pulmonar" que, às vezes, causam evoluções pouco favoráveis, explicou.

O neonatologista Edwin Olivo, que fazia parte do grupo de especialistas que tratou do caso, disse que o bebê ganha peso aos poucos e respira melhor. "Ele nasceu com muita dificuldade para respirar, tivemos que ressuscitar, tivemos que fazer todo o procedimento para um paciente gravemente doente", relatou. "Felizmente, podemos dizer que a evolução foi em direção à melhora", embora ele ainda esteja na incubadora.

Recuperação 

Já recuperada da Covid-19, a mãe aguarda ansiosamente para receber alta. "É uma grande emoção saber que lutamos, que os médicos nos ajudaram a sobreviver", disse, com a voz fraca. 

Diana não sabe como foi infectada e sua família garante que ela seguiu rigorosamente a ordem de isolamento obrigatória, imposta em 25 de março, embora cada vez mais relaxada em meio às tentativas do governo de retomar a economia. 

Nos corredores do hospital, sua irmã Angela respira aliviada. A hospitalização trouxe lembranças tristes para a família: há alguns anos, sua mãe e outra irmã morreram, intubadas, em unidades de terapia intensiva, como a em que Diana permaneceu por semanas. 

Angela aproveita a recuperação da irmã e do sobrinho para advertir sobre o momento em que os contágios e mortes se multiplicam na América Latina: "Há muitas pessoas que ficam sem máscara, que vão a festas, talvez por não saberem de um caso próximo. Não estão cientes", lamenta. 

Com mais de 2.650 mortes e 80.000 infecções detectadas desde 6 de março, a Colômbia, com 50 milhões de habitantes, é o sexto país da América Latina em número de mortes e o quinto entre os infectados pelo novo coronavírus. Autoridades acreditam que mantêm a doença sob controle em relação a outros países da região, embora, na semana passada, tenha apresentado 25% do total de ambos os indicadores.

Com informações Diário do Nordeste