A avenida Paulista transformou-se em palco de um confronto entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e participantes de um ato organizado por torcidas organizadas de futebol, entre elas a do Corinthians e do Palmeiras, que criticavam o presidente e pediam a defesa da democracia.
Os torcedores chegaram por volta das 12h. A Polícia Militar montou cordões de isolamento com separação de um quarteirão de distância entre eles. O grupo anti-Bolsonaro, vestido de preto, estava próximo ao Masp (Museu de Arte de São Paulo), enquanto os seguidores do presidente, com camisa verde e amarela, ficaram perto da sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Cerca de uma hora depois, tiveram início as primeiras provocações com a chegada dos apoiadores de Bolsonaro. Parte de manifestantes contra o presidente furou o bloqueio e houve um confronto entre duas pessoas de lados opostos. A PM tratou de tentar dispersar, usando ao menos quatro bombas de gás e mais spray de pimenta.
O clima chegou a se acalmar, mas novo confronto teve início por volta das 14h, quando integrantes do grupo pró-Bolsonaro furaram o bloqueio e chegaram ao outro grupo. Houve novas bombas, enquanto os manifestantes contra Bolsonaro disparavam rojões e lançavam garrafas. Bombas foram atiradas pelos policiais apenas em direção ao grupo formado por integrantes de torcidas organizadas, ao mesmo tempo em que a PM tentava aumentar a distância do grupo indo em direção aos torcedores.
A reportagem do UOL apurou que ao menos um fotógrafo da agência de notícias EFE ficou ferido. A emissora Globo News disse que três pessoas foram detidas, mas a PM não confirmou a informação.
Em entrevista à Globo News, o secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Batista Camilo, afirmou que a medida foi tomada para "garantir a ordem". "Pessoas começam a jogar pedra contra polícia. Polícia não vai agir primeiramente, não vai confrontar sem necessidade, está lá para garantir ordem", explicou. Segundo ele, as imagens dos confrontos serão analisadas para determinar os responsáveis.
Por conta da confusão, a estação de metrô Trianon/Masp, da linha 2-Verde, foi fechada por volta das 15h30, e duas das entradas de acesso à estação Consolação também foram bloqueadas.
União de torcidas e primeiro confronto
O protesto das torcidas uniu corintianos e palmeirenses, e começou por volta das 12h. Eles estavam no vão livre do Masp. Por volta das 13h, a polícia separou o início de uma confusão entre dois manifestantes ao lado da estação Trianon Masp, do lado da avenida onde estavam os manifestantes bolsonaristas. O tumulto foi motivado por integrantes anti-Bolsonaro que furaram o bloqueio.
A PM soltou bombas de efeito moral e spray de pimenta para separar a confusão. Instantes depois, uma mãe com uma criança pediu a manifestantes das torcidas organizadas que não caíssem em provocação de manifestantes bolsonaristas.
Calmaria e nova confusão
Por volta das 14h, quando parte dos manifestantes já havia se dispersado dos dois lados, um pequeno grupo de apoiadores de Bolsonaro com camisetas da seleção passou pela manifestação contrária ao presidente, dando início a uma confusão. A tensão cresceu e, enquanto rojões e garrafas começaram a ser atirados na direção dos policiais, eles revidavam com bombas de gás e efeito moral, além de tiros de bala de borracha.
A Tropa de Choque começou a lançar bombas em direção aos manifestantes das torcidas organizadas e a polícia seguiu empurrando os manifestantes contra Bolsonaro em direção à rua da Consolação, no final da Paulista.
Por volta das 15h, a polícia seguia tentando dispersar os manifestantes contra o presidente, lançando bombas de gás e efeito moral. Manifestantes revidavam com pedras e rojões e se recusavam a deixar o local — um artefato explosivo caseiro em direção à PM. Os grupos faziam barricadas com grades e fogo. Bancas de jornal e lojas foram depredadas pelo caminho.
Segundo imagens da CNN, o ato pró-Bolsonaro continuou acontecendo com tranquilidade. Esses manifestantes não foram dispersados pelos policiais, que formaram um cordão de contenção para apoiadores do presidente. Nesse grupo, havia uma faixa chamando o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de genocida.
PM analisará imagens
Em entrevista ao canal GloboNews, o secretário-executivo da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Batista Camilo, afirmou que foi preciso usar bombas de gás para dispersar manifestantes depois que um grupo começou a atirar pedras. Ele não soube informar se esse grupo estava do lado dos manifestantes favoráveis ou contrários ao governo Bolsonaro.
"A polícia estava lá para garantir a ordem e precisou agir para evitar o confronto entre os dois grupos, o que poderia gerar um problema maior", afirmou.
Camilo disse também que a PM vai analisar as imagens do protesto para identificar as pessoas que causaram o tumulto. "Não interessa o lado, aqueles que quebrarem ordem pública responderão perante a Justiça. Todas essas imagens estão sendo acompanhadas para que possamos responsabilizar essas pessoas no futuro".
Com informações Uol Notícias