O presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), assistiu pela TV ao pronunciamento de hoje do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a respeito do ataque realizado na véspera pelo Irã contra bases norte-americanas no Iraque. O próprio Bolsonaro realizou uma transmissão ao vivo nas redes sociais para exibir o discurso de Trump, com um comentário final a respeito.
Ao fim do pronunciamento, o presidente do Brasil fez críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2009, Lula viajou ao Irã para se encontrar com o então presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, responsável por um programa de enriquecimento de urânio. Os Estados Unidos e outros países temiam que a iniciativa fosse utilizada para o desenvolvimento de armas nucleares.
"Muitos acham que o Brasil deve se omitir no tocante aos acontecimentos. Queria dizer apenas uma coisa: o senhor Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto presidente da República, ele esteve no Irã, e defendeu que aquele regime pudesse enriquecer urânio acima de 20%, que seria para fim pacífico", disse Bolsonaro.
"Complementaria apenas uma questão: nós temos que seguir as nossas leis, não podemos extrapolar. Mas acredito que a verdade tem que fazer parte do nosso dia a dia, que nós queremos paz do mundo. Repito: o senhor Lula, enquanto presidente, esteve no Irã e lá defendeu naquela época, junto ao senhor (Mahmoud) Ahmadinejad, que aquele país enriquecesse urânio acima de 20%, que era para fins pacíficos."
Mais tarde, o porta-voz da presidência da República, general Otávio Rêgo Barros, afirmou que Bolsonaro avaliou o pronunciamento de Trump como "sereno e, ao mesmo tempo, firme".
"O Brasil tem um posicionamento do ponto de vista diplomático que é bem conhecido. Mas no tocante a essas questões, gostaria de puxar alguns aspectos e avançar a vocês (jornalistas). O presidente Bolsonaro entendeu o discurso de presidente Trump como sendo sereno e, ao mesmo tempo, firme, evitando ampliar a crise e defendendo os interesses dos EUA, o que eu seria natural a qualquer chefe de Estado", disse o porta-voz.
Ao fim de sua análise, Bolsonaro citou o artigo 4º da Constituição Federal, segundo o qual o Brasil rege suas relações internacionais em dez princípios. Entre deles, destacou dois: a defesa da paz e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
Lula e Irã: informação imprecisa
A informação sobre 2009, no entanto, é imprecisa: o acordo proposto pelo então presidente Lula e pelo primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em 2010, não previa que o Irã fizesse enriquecimento de urânio a 20%.
O acordo, que acabou não sendo implementado, pois não teve apoio integral dos EUA, previa que o Irã enviaria 1200 quilos de urânio de baixo enriquecimento para a Turquia.
Em troca, receberia 120 quilos de urânio enriquecido a 20% de países integrantes do Grupo de Viena, composto pelos EUA, Rússia, França e pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea).
Pelo acordo, o Irã usaria o urânio enriquecido em instalações civis, e não para fins militares.
Em nota oficial, o PT afirmou que "Bolsonaro mente sobre acordo nuclear costurado por Lula".
"O chamado 'Acordo de Teerã', fechado em 2010 é considerado até hoje como o melhor acordo nuclear já feito com o Irã. O próprio Obama escreveu uma carta dizendo expressamente que as condições conseguidas na negociação fechada pelo Brasil e pela Turquia eram as ideais", diz a nota do partido.
Questionado sobre a nota, o porta-voz Rêgo Barros foi breve na resposta. "Seria muito interessante buscar as informações do governo desse cidadão citado na pergunta para verificar quem está mentindo", resumiu.
Com informações Uol