No Ceará, quatro das cinco chapas majoritárias terão uma mulher na composição. Enquanto a vice-governadora Izolda Cela (PDT) concorrerá à reeleição ao lado do governador Camilo Santana (PT), a principal chapa adversária terá a vereadora de Caucaia Emília Pessoa (PSDB) ao lado do General Theophilo (PSDB) na disputa.
Oposição de esquerda à gestão petista, Raquel Lima (PCB) coliga com o bancário Aílton Lopes (Psol) na eleição estadual, assim como, pela extrema direita, a professora Ninon Tauchmann (PSL) compõe chapa com Hélio Góis (PSL), que concorre ao Palácio da Abolição.
A única candidatura ao Executivo estadual composta exclusivamente por homens é a do PSTU, que tem Francisco Gonzaga (PSTU) ao lado do vice Reginaldo Araújo, em chapa pura.
O ex-governador Lúcio Alcântara (PSDB) justificou a escolha da vereadora de Caucaia para compor com o general por ser "mulher", mas também por ser uma "liderança política nova, jovem" e por ser uma peça fundamental na campanha ao representar o município de Caucaia, que, depois de Fortaleza, é o maior colégio eleitoral do Estado. "Se expressa muito bem, é professora do curso de Administração, tem mestrado, é uma pessoa bem capacitada para isso", disse o tucano.
Heitor Freire, que preside o PSL no Ceará, afirmou que a escolha de Ninon não foi necessariamente uma questão de gênero, mas sim de competência. "Foi por competência. A escolha foi por uma pessoa que seguisse a mesma linha de pensamento do partido, que hoje é firmado nos princípios que Bolsonaro defende, que é a direita, o conservadorismo", argumentou o dirigente.
Por outro lado, o secretário político do PCB, Malta Araújo, explica a escolha de Raquel Lima para a vice da chapa com Aílton Lopes: "Ela representa a imensa maioria do nosso povo, uma mulher negra, da periferia e uma pessoa que ideologicamente tem posição de libertação da mulher, dos trabalhadores, no sentido da exploração", declarou. O dirigente afirmou ainda que é estratégia da chapa Psol-PCB dar espaços equivalentes aos homens e mulheres.
A deputada estadual Mirian Sobreira (PDT) diz que a manutenção do nome da vice-governadora para a reeleição representa, além do trabalho feito, o "empoderamento" das mulheres na política. "A Izolda é um boa técnica, tem um papel importantíssimo na educação. Isso não é um trabalho que aconteceu da noite para o dia. Vem desde Sobral e dando continuidade", defendeu a parlamentar.
Para a socióloga Monalisa Soares, a composição das chapas majoritárias com a presença das mulheres representa a consolidação das pautas caras às mulheres que têm ganhado contornos no cenário político. A pesquisadora constata o movimento ao alegar que o fenômeno tem ocorrido em candidaturas que historicamente não defenderam a inserção das mulheres na política.
"Há um certo reconhecimento de que a luta das mulheres e a ocupação das mulheres em novos espaços têm sido um tema sensível à sociedade. Há de fato uma demanda pública e visibilidade pela ocupação de espaços pelas mulheres", diz a socióloga. A pesquisadora ressalta que desde 2013 o movimento de mulheres tem crescido e se fortalecido.
5 candidaturas ao Governo do Ceará serão homologadas até domingo.
O poder do voto feminino
O Tribunal Superior Eleitoral divulgou o perfil do eleitorado. No Ceará, são 6.344.483 eleitores, sendo 3.361.941 do gênero feminino (53%) e 2.980.778 masculino (47%).
De acordo com as estatísticas da Justiça Eleitoral, a faixa etária com o maior quantitativo de eleitores, no Ceará, é a que reúne cidadãos entre 30 e 34 anos.
Eles somam 718.981 pessoas, o que corresponde a 11,33% do eleitorado cearense. Em seguida, estão os eleitores de 25 a 29 anos, que reúnem 710.777 pessoas - 11,2% % do total.
Fonte: O Povo