Confundido com um assaltante, o cabo da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Paulo Alberto Marques Albuquerque, de 33 anos, foi baleado e morto pelos próprios colegas de farda, na noite da última terça-feira (28), em Fortaleza. Ele é mais uma vítima de intervenção policial no Estado. A estatística cresceu 41,8%, neste ano.
Conforme dados da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), 139 pessoas foram mortas em reações da Polícia, entre janeiro e julho do ano corrente. Em igual período de 2017, essas ocorrências resultaram em 98 mortes. O ano passado terminou com 161 casos. Os dados de agosto de 2018 ainda não estão consolidados.
Outras abordagens policiais desastrosas, ocorridas neste ano, mataram o jogador de sinuca José Messias Guedes Oliveira, 35, ainda no mês de agosto; a universitária Giselle Távora Araújo, 42, em junho; e Cícero Leonardo dos Santos Silva, 32, deficiente auditivo, em abril. Nas três ocorrências, policiais militares tentaram parar o veículo em que as vítimas trafegavam e efetuaram disparos fatais.
Confusão
De folga, o cabo Paulo Albuquerque reagiu a um assalto próximo à Lagoa da Parangaba e procurou apoio de uma viatura da Polícia Militar que passava pelo local. Os outros policiais viram o PM com uma arma de fogo na mão, à paisana, e o alvejaram com pelo menos dois disparos.
Segundo a SSPDS, de acordo com informações colhidas pela Polícia Civil no local, Albuquerque pilotava uma motocicleta e, ao parar no sinal vermelho na Rua Joaquim Moreira, foi abordado por indivíduos. Ao reagir ao assalto, ele efetuou disparos contra os assaltantes, que fugiram com o veículo. Não há informações sobre suspeitos feridos.
Uma composição do Policiamento Ostensivo Geral (POG) passava próximo à ocorrência, ouviu os tiros e se deslocou até o local. Foi quando os policiais viram o cabo PM e efetuaram os disparos, que atingiram o tórax e a perna da vítima.
Ao se aproximarem do suspeito, os policiais identificaram o militar e o socorreram primeiramente para o Hospital Distrital Maria José Barroso de Oliveira (Frotinha da Parangaba), onde ele recebeu transfusões de sangue. Em seguida, devido às complicações, o cabo Albuquerque foi transferido para o Instituto Doutor José Frota (IJF), onde passou por um procedimento cirúrgico. No entanto, ele morreu por volta de 4h30.
Ainda conforme a Secretaria da Segurança, a composição policial que atirou contra a vítima se apresentou espontaneamente na 11ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável por apurar casos de morte de agentes de segurança. A motocicleta de Albuquerque foi recuperada pela Polícia, pouco tempo depois do assalto.
Policiais mortos
Na contramão do crescimento das mortes por intervenção policial, os agentes de segurança morrem menos, no Ceará, em 2018. De acordo com dados da SSPDS, entre janeiro e julho do ano passado, 17 policiais foram assassinados; já em igual período deste ano, foram cinco vítimas, o que representou uma redução de 70,5%.
O mês de agosto quase dobrou o número de policiais mortos no Estado, neste ano. Além do cabo PM Paulo Albuquerque, três policiais militares foram vítimas de um ataque cometido por uma facção criminosa, no último dia 23. O tenente Antonio Cezar Oliveira Gomes, 50, o subtenente Sanderley Cavalcante Sampaio, 46, e o sargento José Augusto de Lima, 58, almoçavam em um bar, na Vila Manoel Sátiro, na Capital, quando foram executados a tiros. Seis suspeitos foram presos pelo crime e outro morreu em um confronto com a Polícia, no mesmo dia.
O triplo homicídio teria sido ordenado de dentro de um presídio estadual. Fabiano Cavalcante da Silva, que já estava detido, teria sido um dos mandantes do crime, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
Fonte: Diário do Nordeste