A principal máquina de previsão do tempo no Brasil está à beira da morte. Aos sete anos de idade, o supercomputador Tupã, do Centro de Previsão de Tempo e Meteorologia (Cptec) do Inpe, em Cachoeira Paulista, a 200 quilômetros da capital, chegou ao que os especialistas chamam de “fim da vida”. É o ponto em que, mesmo com manutenção constante, a máquina pode parar a qualquer momento.
“Se isso acontecer, o Cptec para”, diz o chefe de Operações do centro, Gilvan Sampaio. E, com ele, a previsão do tempo no Brasil inteiro, com consequências imediatas para setores como agricultura, energia e prevenção de desastres naturais.
“Sem a máquina, não temos como gerar as previsões”, explica Sampaio. Na semana retrasada, lembra ele, o computador quebrou no domingo e só voltou a funcionar na terça, porque segunda-feira foi feriado. O contrato de manutenção da máquina venceu em outubro e não foi renovado, por falta de recursos. A empresa responsável continua a prestar o serviço, sem pagamento, mas apenas nos dias de semana e em horário comercial. A previsão do tempo daquela terça-feira, portanto, foi feita com dados defasados, de domingo de manhã.
Histórico
Comprado em 2010, por 50 milhões de reais, o Tupã era à época um dos 30 computadores mais velozes do mundo, com capacidade para realizar 258 trilhões de cálculos por segundo. Hoje, não entra nem no top 500, mas ainda é o “cérebro” da meteorologia nacional.
O procedimento-padrão, segundo Sampaio, seria comprar um supercomputador a cada quatro anos, quando as máquinas ficam defasadas e perdem seu valor de mercado. “Desde 2014 estamos solicitando recursos para comprar uma máquina nova, sem sucesso.” O custo estimado é de 120 milhões de reais.
A solução foi apelar para uma “gambiarra” nacional, com uma proposta de substituir processadores e dar uma sobrevida de dois anos à máquina. O Inpe conseguiu 10 milhões de reais para isso, em recursos ministeriais e emendas parlamentares, mas o dinheiro ainda não entrou, e a data-limite de empenho para este ano é 8 de dezembro. Depois disso, o recurso é perdido.
“Essa sobrevida de dois anos seria uma melhora, mas não é suficiente. Precisamos de uma máquina nova”, afirma Sampaio. Mesmo que o dinheiro entre hoje, diz ele, levará cerca de dois anos para ter o novo computador comprado (via licitação internacional), instalado e funcionando.
Fonte: Veja.com