Camarão, bacalhau, queijo de cabra e presunto importado. O Ministério Público fluminense apreendeu nesta sexta-feira (24) alimentos proibidos na cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte. Lá estão presos os ex-governadores Antonhy Garotinho e Sérgio Cabral, além do presidente afastado da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, e os deputados também afastados Paulo Melo e Edson Albertassi, do PMDB.
As imagens das apreensões foram obtidas com exclusividade pela GloboNews. Uma resolução da Secretaria de Administração Penitenciária proíbe a entrada de produtos in natura nas cadeias do estado.
Uma das embalagens foram marcadas com o nome de Cabral na tampa. Os promotores encontraram os alimentos ensacados em tonéis. Refrigerantes e iogurtes estavam em baldes de gelo para serem conservados. Cabral alegou que o iogurte é vendido na cantina da prisão.
"Isso aqui é vendido na cantina", disse Cabral, apontando para um iogurte.
"O Activia?", questionou uma promotora.
"É", respondeu Cabral.
Os promotores resolveram deixar o iogurte e alguns itens que podem ser levados pelas famílias, como pão.
O MPE vai comunicar o caso ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. O magistrado é o responsável pelos processos da Lava Jato no estado. A operação foi realizada pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência do MP.
A Seap informou, por nota, que há uma resolução desta pasta dizendo que todo o visitante de interno de todo o sistema penitenciário pode levar até três bolsas de supermercado contendo alimentos ou produtos de higiene pessoal para os detentos de todo o sistema prisional. As restrições são para alimentos ou produtos de higiene que dificultem a fiscalização dos mesmos.
"A Seap esclarece, ainda, que os internos ao receberem os alimentos podem optar por consumi-los na hora da visita ou mesmo leva-los para serem consumidos na cela em momentos posteriores. A Seap ressalta que o recipiente com gelo encontrado é artesanal, feito com baldes de plástico transparentes pelos próprios internos. Cabe ressaltar que em todas as unidades prisionais do sistema existem fornos de micro-ondas no pátio de visitas que é disponibilizado para presos e visitantes."
Em nota, a defesa de Cabral diz que ex-governador é perseguido:
"Sérgio Cabral já é perseguido até pelo que come. Daqui a pouco será pelo que pensa. É lamentável se ver a mobilização de todo o aparato estatal em perseguição ao cardápio de um detento. Parecia que o Ministério Público tinha coisas mais importantes a fazer no Estado do Rio de Janeiro, que fiscalizar comida de presídio. Pior ainda foi constatar mais uma ilegalidade praticada contra o ex-governador que, nem mesmo preso, consegue ter a sua dignidade e a sua imagem preservadas."
Fonte: G1