Deputados estaduais eleitos prefeitos no pleito deste ano estão se revezando entre as atividades legislativas e o trabalho junto ao grupo de transição naqueles municípios em que irão administrar, a partir de 2017. Enquanto alguns reclamam de desmontes e falta de interesse dos atuais prefeitos em participarem do processo de transição, há também aqueles que já estão com vistorias bem avançadas e com data para apresentar relatório da situação à população.
Para o prefeito eleito de Caucaia, deputado Naumi Amorim (PMB), a cidade está abandonada e o atual prefeito, Washington Goes, segundo disse, está "criando obstáculos para fazer a transição". Conforme disse, após a eleição foi feito o pedido da transição e isto ainda não foi feito pela atual gestão, o que só deve acontecer a partir do dia 1º de dezembro, há um mês da transmissão do cargo.
"O atual prefeito está criando obstáculos para nós, e com isso vamos ter apenas um mês para fazer todo o trabalho da equipe. Ele quer criar dificuldades, mas estamos trabalhando no relatório não oficial e vários dados já foram coletados", disse. Segundo ele, a Prefeitura está abandonada, sem projetos e com recursos de convênios tendo que retornar ao ponto de origem, sem prestação de contas.
Sessões
"A gente vai ter muitas dificuldades, mas temos que colocar a Casa em ordem, fazer o básico", disse ele prometendo limpar a cidade num prazo de até 100 dias, além de implantar a operação "tapa buracos" e se dedicar à saúde da cidade. Dentre as reformas propostas pelo prefeito eleito estão a união de secretarias que atuam em setores semelhantes e redução da máquina.
Além de Naumi Amorim outros quatro deputados foram eleitos prefeitos: Ivo Gomes (PDT), em Sobral; Carlomano Marques (PMDB), Pacatuba; Laís Nunes, em Icó; e Zé Ailton Brasil, no Crato.
Ivo e Carlomano pouco têm sido vistos na Assembleia Legislativa, e estão se dedicando em tempo integral somente à formação da equipe da administração dos municípios pelos quais foram eleitos. Os demais, vez por outra, principalmente nas sessões deliberativas, comparecem à sede do Poder Legislativo.
A situação de Zé Ailton Brasil no Crato, aparentemente, parece a mais tranquila. Segundo ele, o relatório sobre o processo de transição deve ser apresentado até o inicio de dezembro. Junto com o relatório um diagnostico e as propostas de reformas que serão feitas. Segundo ele, sua equipe está visitando todos os órgãos da Prefeitura e algumas situações peculiares, como a greve dos professores e agentes de saúde devem ser levadas em consideração.
"Eu tive conversa com essas categorias, para que a partir de janeiro melhore esse canal de negociação. A greve é da atual administração, mas estou procurando dialogar logo com as pessoas", disse. Brasil quer reduzir o número de secretarias de 20 para 14 ou 12, assim como fundir aquelas que estejam trabalhando em funções semelhantes. Segundo ele, também haverá redução de pessoal, principalmente, de terceirizados e temporários
Já Laís Nunes afirmou ao Diário do Nordeste que o processo de transição teve início no limite do prazo máximo estipulado pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Isso porque, segundo ela, a atual gestão deixou para reunir as duas equipes no último momento. O relatório final da situação do Município de Icó deve ser apresentado até o final de janeiro, conforme informou.
No entanto, já foi protocolado pela equipe da prefeita eleita uma ação judicial contra um possível desmonte que estaria acontecendo na cidade. Segundo ela, sua gestão terá um período difícil, visto a redução de repasses oriundos do Governo Federal para os municípios. No entanto, a parlamentar ressaltou que pretende nomear uma equipe técnica e política para "fazer muito com poucos recursos".
Estiagem
"Vamos priorizar a saúde, que está precisando muito. As pessoas estão desassistidas no lado social. No primeiro momento temos que sentar e colocar o pé no freio, infelizmente", lamentou. De acordo com Nunes o essencial será priorizado. Além da Saúde, Educação e geração de emprego serão outros pontos a serem destacados nos primeiros anos de gestão.
"As pessoas estão sem amparo da administração pública", disse. Outro problema que deve ser enfrentado pela prefeita eleita é a questão hídrica. Segundo ela, até pouco tempo não havia problema no que diz respeito ao abastecimento de água. No entanto, como os dois açudes que banham o Município, Orós e Lima Campos, estão com vazão baixa, há necessidade de se pensar medidas para minorar o problema da estiagem em Icó.
"Em setembro o Orós liberava 10 metros cúbicos por segundo e agora são 16 para abastecer a Região Metropolitana de Fortaleza e a do Jaguaribe. É preciso saber para onde a água está indo, porque dizem que está indo para o agronegócio. Precisamos conscientizar as pessoas, priorizar a agricultura familiar", disse.
Fonte: Diário do Nordeste