Foi confirmado nesta terça-feira (25), pela Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa), o primeiro caso de raiva humana em solo cearense após quatro anos sem registro da doença. De acordo com o órgão, o paciente é um agricultor de 37 anos, que mora em Iracema, cidade que fica a 285 quilômetros da Capital. Ainda de acordo com a Sesa, o homem foi mordido por um morcego e encontra-se internado no Hospital São José de Doenças Infecciosas, no bairro Parquelândia, em Fortaleza.
O último caso de raiva humana no Estado foi registrado em 2012, no município de Jati, a 525 quilômetros de Fortaleza. Na ocasião, um soim foi o transmissor da doença.
Segundo a Sesa, o diagnóstico laboratorial de 34 casos de raiva animal, no período entre janeiro e outubro deste ano, apontou que 29 deles foram registrados em animais silvestres, sendo um em soim, três em raposas e 25 em morcegos, isso em área urbana, o que é considerado um alerta de que a doença permanece como uma grave ameaça à vida das pessoas.
A raiva é uma doença viral que pode ser transmitida ao homem por mordida, lambida ou arranhão de um animal infectado. A taxa de letalidade entre humanos é próxima de 100%. Em média, ocorrem 30 mil agressões de animais a humanos a cada ano, 2,5 mil por mês e 94 por dia. De 2005 a 2012 foram confirmados cinco casos de raiva humana. Em apenas um caso a transmissão foi através de cão. Os outros quatro casos foram transmitidos por soins em São Luís do Curu, no ano de 2005, em Camocim no ano de 2008, em Ipu, em 2010, e em Jati, no ano de 2012. O de caso de raiva provocado por um cão ocorreu no município de Chaval, em 2010.
Vacina humana
A melhor maneira de evitar a raiva em humanos é a prevenção. Além da vacinação dos animais domésticos, as secretarias de saúde dos municípios devem ser acionadas para capturar os animais de rua que podem portar a doença. Nas cidades, a presença de morcegos deve ser notificada aos departamentos de zoonoses. A vacinação é a única forma de evitar que animais domésticos contraiam raiva e transmitam a doença para humanos. Não tem contraindicações. Os donos dos cães e gatos devem levar para vacinar os animais a partir dos três meses de vida, inclusive fêmeas prenhas, evitando vacinar animais doentes.
A vacina humana contra a raiva deve ser administrada como profilaxia pré-exposição ao risco ou pós-exposição ao vírus, nos casos de acidentes leves e acidentes graves. Desde 2013, entretanto, a vacina humana está com distribuição parcial pelo Ministério da Saúde. A Nota Informativa 302 da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunização (CGPNI), de setembro deste ano, informa que a vacina humana contra a raiva será distribuída aos estados em quantitativo reduzido, “conforme disponibilidade dos estoques em nível federal”.
No Ceará, a Coordenação Estadual de Imunizações solicitou este ano, conforme critério de incidência de agressões por animais, 150 mil doses da vacina humana entre janeiro e outubro, 15 mil doses por mês, e recebeu 72.350 doses, ou 48% do total. Em outubro, o repasse do Ministério da Saúde foi de 850 doses da vacina humana, insuficientes diante da média mensal de 2,5 mil agressões de animais a humanos e dos esquemas vacinais de duas, três e cinco doses por paciente, quando há indicação médica. Em setembro o Ministério da Saúde divulgou que “tem envidado todos os esforços possíveis para a regularização da distribuição de todos os imunobiológicos. Contudo, muitas vezes há dependência da capacidade produtiva dos laboratórios”.
Fonte: Secretaria de Saúde do Ceará