Sob honras militares,
homenagens e forte comoção, foram sepultados, nesta cidade, no fim da tarde e
começo da noite da última sexta-feira (1º) os três policiais militares mortos
na tarde anterior por bandidos armados de fuzil. O cabo Antônio Joel de Oliveira
Filho e o soldado Antônio Lopes Miranda Filho foram enterrados no Cemitério
Público de Quixadá. Já o sargento Francisco Guanabara Filho teve o corpo
deixado no Cemitério Parque Nova Jerusalém. Os três foram velados durante toda
a sexta-feira.
Às 15h,
o comércio local baixou as portas. Segundo os funcionários, não havia nenhuma
recomendação: tratava-se do sentimento geral de uma cidade que estava abalada.
“Foi uma iniciativa dos próprios empresários. A cidade inteira está muito
triste, assustada. Foi um dia estranho, nada fluiu, as pessoas não foram às
ruas”, relatou uma moradora.
Pela
Rua Rodrigues Júnior, várias faixas de luto foram colocadas nas portas das
lojas. A calmaria chamava a atenção: em pleno primeiro dia útil do mês, o
movimento era grande de carros, saindo do centro comercial da cidade. O destino
era o Centro de Velório Anjo da Guarda, no bairro Universitário.
Os dois
salões do complexo ficaram pequenos para a multidão que se aglomerava. O último
adeus aos policiais Joel e Antônio Filho era bastante concorrido. Era difícil
chegar aos caixões, por entre as muitas pessoas que solidarizavam-se pelas
mortes dos militares.
Os dois policiais
eram primos. Joel, casado há cerca de cinco anos, deixa uma filha de
aproximadamente dois anos de idade. Segundo familiares, Antônio Filho estava no
último ano da faculdade de Administração Pública. “Ele estava organizando a
festa de formatura, no fim do ano. Faltava apenas duas disciplinas e a
monografia”, comentou um familiar do soldado.
A cerimônia de
sepultamento deles ocorreu por volta das 18h, no Cemitério Público de Quixadá.
Os caixões deixaram o Centro de velórios cada um em um carro do Corpo de
Bombeiros Militar (CBM). A multidão aplaudiu a saída dos corpos, que foram
conduzidos como heróis, por entre as ruas da cidade, no deslocamento até o
cemitério.
Já o corpo do
sargento Guanabara foi velado na residência do militar. Após o término das
homenagens e sepultamento do cabo e do soldado, o caixão com a terceira vítima
foi conduzido até o Cemitério Parque Nova Jerusalém. Ele também seguiu em um
caminhão dos Bombeiros, com as mesmas honrarias dos outros dois colegas mortos.
A cerimônia teve
início por volta das 19h e também contou com a presença de uma multidão, que
lotou o cemitério.
De acordo com a
família, Guanabara estava prestes a ser reformado, isto é, ir para a Reserva da
PM. Conforme o comandante do 9º Batalhão Policial Militar (9º BPM)
tenente-coronel Ednardo Calixto, o sargento estava escalado para trabalhar
naquela quinta-feira e também deveria prestar serviço na sexta-feira à
noite.
Folgaria o fim de
semana e, na segunda-feira, daria início ao gozo das férias. No retorno, em
agosto, deveria aposentar-se. O sargento deixou mulher e dois filhos, de 17 e
22 anos de idade.
Autoridades do
município e representantes do Estado, como o secretário adjunto da Secretaria
da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), coronel Lauro Carlos de Araújo
Prado; a diretora da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da
Polícia Civil, delegada Socorro Portela; o comandante-geral da Polícia Militar,
coronel Giovani Pinheiro; e o comandante do Ronda do Quarteirão, coronel
Fernando Albano, estiveram nos velórios prestando apoio aos familiares das
vítimas.
Ocorrência
De acordo com a
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), policiais da Força
Tática de Apoio (FTA) receberam um chamado envolvendo um Chevrolet Ônix. Os
ocupantes teriam feito um roubo e efetuados disparos de arma de fogo. No
deslocamento para atender a ocorrência por uma estrada, se depararam com eles.
Houve um primeiro confronto e os PMs pediram reforço. Na fuga, um outro grupo
de bandidos colidiu de frente com uma viatura e atirou nos policiais,
resultando em três mortos, um ferido e dois feitos reféns. Outras viaturas
foram ao local socorrer os policiais e depararam-se com o Ônix que iniciou a
ocorrência. Houve tiroteio e eles novamente fugiram.
Albano disse que o
armamento utilizado pelos policiais na ocorrência estava correto e em dia. “O
armamento era suficiente para esse tipo de enfrentamento. Apenas entendemos que
os bandidos tinham um armamento de grosso calibre um pouco superior ao da PM.
Mas temos um treinamento, uma tropa corajosa e que tem princípios táticos e
técnicos capazes de enfrentar qualquer tipo de desafio”, disse.
Fonte: diário do Nordeste