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terça-feira, 26 de abril de 2016

Presidente avalia antecipar eleições

A presidente Dilma Rousseff reconhece que, caso vença o julgamento final do impeachment no Senado, pode ser obrigada a abraçar proposta de antecipação da eleição presidencial para este ano. A cúpula nacional do PT, contudo, tem pressionado o Palácio do Planalto a apoiar a iniciativa antes, após o eventual afastamento temporário da presidente do cargo.
Em conversas reservadas, a presidente admite que, após ficar até 180 dias afastada e ser substituída por Michel Temer, suas condições de governabilidade se tornariam "as piores possíveis". Na avaliação de interlocutores, ela só teria uma "mínima chance" de voltar ao cargo após o afastamento caso o vice-presidente se revele um fracasso no período de interinidade.
Para não constranger a presidente, o comando petista decidiu paralisar neste momento, antes da votação de admissibilidade do impeachment, a defesa da proposta. O ex-presidente Lula tem dito a aliados e assessores que a decisão de pregar a tese antes da primeira votação deve partir de Dilma, não dele.
O comando petista prega, porém, que o partido abrace a alternativa logo após Temer assumir, o que pode acontecer na segunda quinzena de maio. A avaliação petista é que a iniciativa possa atrair o apoio de parte do PSDB que não concorda que a sigla participe de um eventual governo peemedebista.
Ontem, Lula viajou a Brasília para se encontrar com a presidente Dilma. Os dois devem tratar das estratégias que petistas chamam de "resistência" enquanto o processo de impeachment tramita no Congresso.
Discurso de Lula
Ao discursar para dirigentes de partidos de esquerda, o Lula previu "momentos de combate democrático" no País. A fala foi realizada no seminário internacional da Aliança Progressista, que reúne legendas de esquerda de diferentes países, ontem.
Ao falar do processo de impeachment de Dilma Rousseff, o petista afirmou -num texto lido pelo ex-ministro Luiz Dulci- que a presidente foi vítima de "pelotão de fuzilamento".
'Traição'
Na abertura do seminário, o presidente do PT, Rui Falcão, seguiu a estratégia de denunciar à comunidade internacional o que chamam de golpe. Ele chamou o vice-presidente Michel Temer (PMDB) de traidor e criticou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Falcão disse ainda que "comanda o golpe o vice-presidente da República, que registra 1% de intenção de voto, caso passasse pelo teste das urnas".
"Temer já anunciou um programa antipopular, de supressão de direitos civis e sociais, de privatizações e de entrega do patrimônio nacional", disparou Falcão. Grupos a favor e contra o impeachment de Dilma estiveram na entrada do hotel que sedia o seminário.
Fonte: Diário do Nordeste