A Odebrecht tinha um setor específico pra o pagamento de propinas, afirmaram nesta terça-feira (22) integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato. Segundo o Ministério Público Federal, os pagamentos continuaram a acontecer mesmo com a empresa sendo investigada.
Deflagrada hoje, a 26ª fase da Lava Jato, chamada Operação Xepa, cumpre 110 mandatos, em um desdobramento da Operação Acarajé, a partir de depoimentos do marqueteiro do PT (Partido dos Trabalhadores) João Santana e da mulher dele, que estão presos em Curitiba.
Segundo a procuradora da República Laura Gonçalves Tessler, a contabilidade paralela, feita na área da empresa denominada Setor de Operações Estruturadas, era comandada diretamente pelo dono da empreiteira, Marcelo Bahia Odebrecht. As investigações apontam que ele era indicado nas planilhas para organizar a propina pela sigla MBO, formada pelas iniciais de seu nome.
“Não há qualquer dúvida da participação direta da Odebrecht”, afirmou a delegada Renata Rodrigues durante a coletiva.
O sistema de corrupção do qual a Odebrecht fazia parte estava relacionado a várias obras públicas, federais, estaduais e municipais, entre elas a construção da Arena Cotinthians.
“Nós temos diversas diretorias [da empresa] envolvidas, não apenas a Petrobras. Óleo e gás, ambiental, infraestrutura, estádio de futebol, canal do sertão e diversas outras obras e áreas da Odebrecht que estão sendo investigadas hoje pelo pagamento de propina”, afirmou Carlos Fernando Santos de Lima, procurador do MPF.
A Polícia Federal apurou que no mínimo R$ 66 milhões em propinas foram pagos para cerca de 30 pessoas, segundo os dados de apenas uma conta examinada.