O Ceará tem 15 óbitos por
microcefalia e/ou alteração no sistema nervoso central (SNC) sugestivos de
infecção congênita confirmados até o último dia 19 de março. Com esse total, o
Estado permanece em primeiro lugar no ranking nacional relativo à morte pela
doença. Os dados são do mais recente boletim epidemiológico do Ministério da
Saúde, divulgados nessa quarta-feira (30). Ao todo, já houve 426 notificações,
sendo 73 ocorrências positivas constatadas em 91 municípios. Ou seja, 49,5% do
território cearense possui casos da malformação.
Entre
os municípios com mortes, Fortaleza soma três (seis ainda sob investigação),
seguido por Canindé, com duas, e Crateús, Maracanaú, Morrinhos, Piquet
Carneiro, Ipaumirim, Iguatu, Juazeiro do Norte, Russas, Tejuçuoca e Tururu,
cada um com um óbito.
Pernambuco,
com 1.819 notificações, sendo 268 confirmados e 1.210 ainda em análise, é o
Estado com maior número de casos absolutos no País. Desse geral, três óbitos
comprovados e 36 ainda em estudo. A Bahia aparece com 960 no total e 190
constatados. Paraíba também está em alerta. Lá, são 842 notificações e 91 casos
positivos. O Brasil tem 907 registros positivos para a doença e 198 mortes
entre 2015 e 2016, com 46 corroborados por laboratório.
Em
relação aos óbitos, além do Estado do Ceará, o Rio Grande do Norte confirma
nove mortes e a Paraíba, sete. Sergipe, Piauí, Alagoas e Pernambuco
contabilizam três cada um.
Avanço
Sobre o
avanço dos casos, o médico infectologista Ivo Castelo Branco, consultor da
Organização Mundial de Saúde (OMS) para a doença, aponta que é necessário um
esforço conjunto e contínuo da população e do poder público no combate ao
mosquito Aedes aegypti. O problema, indica o especialista, é o mosquito na
forma de ovo. "Nós não temos mecanismo eficaz de combate, porque ele pode
ser transportado e se esconder e nesse caso, pode-se jogar até veneno em cima
que não vai adiantar nada, pois pode passar um ano e se ele for coberto com
água em sete dias nasce um mosquito e se a fêmea desse mosquito tiver uma dos
três arbovírus - dengue, zika ou chikungunya - ele nasce contaminado e vai
contaminar quem pica", alerta.
Outro
problema apontado pelo médico é a questão do desabastecimento de água. "No
Ceará, enfrentamos mais um período sem boas chuvas e então, a população acumula
água do jeito que dá e aí mora o perigo. Esses vasilhames tem que estar
protegidos, cobertos porque são locais ideias para o Aedes se proliferar",
acrescenta.
De
acordo com a Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), um conjunto de
ações e medidas está sendo executado a fim de reduzir os índices. As
intervenções vão desde o controle do mosquito Aedes aegypti ao acompanhamento
das gestantes e bebês com microcefalia.
A Pasta
ressalta que, em novembro de 2015, criou um comitê de especialistas específicos
para dar assistência às gestantes e aos bebês com a doença. Cinco hospitais da
rede pública do Estado integram a rede de atendimento: Hospital César Cals, o
Hospital Geral de Fortaleza, o Hospital Infantil Albert Sabin, o Hospital José
Martiniano de Alencar e o Hospital São José, além do Laboratório Central de
Saúde Pública do Estado (Lacen).
Apoio
De
acordo com as informações da Secretaria de Saúde do estado do Ceará, foram
capacitados profissionais de todas as regiões do Estado. As capacitações foram
concentradas em Sobral, com a participação de médicos dos 55 municípios da
macrorregião Norte; no Crato, com a participação de médicos dos 44 municípios
da macrorregião do Cariri; e, em Fortaleza, com a presença de médicos da
Capital e de toda a Região Metropolitana.
Fonte: Diário do Nordeste