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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Lula volta a negar ser dono de triplex

O ex-presidente disse que não ocultou patrimônio e nunca escondeu relação com o tríplex no condomínio Solaris, que é alvo da Lava-Jato ( FOTO: INSTITUTO LULA )
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou novamente, ontem, ser dono do apartamento tríplex no Guarujá, que é um dos alvos da 22ª fase da Operação Lava-Jato deflagrada na quarta-feira, e denominada Triplo X.
"Adquirir cotas de uma cooperativa habitacional a prestações não significa tornar-se proprietário de um imóvel. A família de Lula poderia ter exercido o direito de compra do apartamento por seu preço final, completando o valor necessário, mas decidiu não fazê-lo", afirma o ex-presidente no Facebook.
A publicação diz ainda que "parte da imprensa insiste em ignorar essas informações em nome de uma manchete mais 'saborosa'". "O jornal A Gazeta, do Espírito Santo, por exemplo, diz que Lula 'foi dono' do apartamento. Não foi, nem é".
O foco desta etapa da operação é o condomínio Solaris, no Guarujá, no litoral paulista, onde a mulher de Lula, Marisa Letícia, chegou a ter a opção de compra da unidade 164-A. O tríplex, que moradores e funcionários do condomínio apontam como sendo de Lula, tem 297 metros quadrados e vista para o mar, com preço oscilando entre R$ 1,5 milhão e R$ 1,8 milhão.
Relatório divulgado na quarta-feira incluiu um diagrama com imóveis sob investigação do condomínio, entre eles o imóvel ligado ao ex-presidente. O documento indica que a OAS, empreiteira acusada de cartel no esquema de propinas e desvios de recursos na Petrobras, aparece hoje como proprietária do apartamento, após Marisa ter desistido do negócio, segundo o Instituto Lula. Para a PF, todos os imóveis sob investigação possuem "alto grau de suspeita quanto à sua real titularidade".
Lula já havia se manifestado na quarta-feira sobre as investigações. Segundo nota, o ex-presidente não ocultou patrimônio e nunca escondeu relação com o tríplex. O texto argumenta ainda que o petista não foi nem sequer citado na decisão do juiz federal Sergio Moro que levou à nova fase da operação da PF.
Incongruência
O conselheiro da Associação de Vítimas do Bancoop, Marcos Sergio Migliaccio, disse que Lula "mentiu" ao afirmar que comprou cotas do apartamento. Segundo ele, não existia venda de cotas no condomínio Solaris, mas sim de apartamentos. "Não existe esse papo de cota. Isso é mentira. A Bancoop vendia apartamentos, com o andar e a unidade especificados", disse.
O promotor José Carlos Blat, autor de uma acusação contra a Bancoop que tramita na Justiça, reafirma que não viu nenhum caso de compra de cotas.
Cotas é um sistema usado em consórcios, por exemplo, no qual o comprador adquire um certo bem em parcelas, e um sorteio define o bem que caberá a ele. Migliaccio diz que a Bancoop só usou o sistema de cotas até 1998, 1999.
Fonte: Diário do Nordeste