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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Apesar das chuvas, perspectiva de seca em 2016 continua; saiba como é feita a previsão da Funceme

Mesmo com as chuvas registradas em todo o Estado nos últimos dias, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) manteve no último dia 20 o prognóstico de que as precipitações devem ficar abaixo da média, prolongando a atual seca pelo quinto ano consecutivo. A diferença entre o que é previsto e o que se vê por todo o Ceará tem levado a instituição a ser criticada, mesmo tendo acertado os prognósticos de seca nos últimos 4 anos.
Para explicar o porquê dessa divergência, o Diário do Nordeste entrevistou o presidente da fundação, Eduardo Sávio Martins. Segundo ele, a previsão divulgada se refere ao período entre fevereiro a abril, ou seja, ainda não iniciado. As chuvas deste mês de janeiro (período de pré-estação) são provocadas por fenômenos climáticos diferentes daqueles do período chuvoso.
Mesmo assim, Martins reforça que os relatórios da Funceme apontam previsões, e não certezas. Para 2016, as probabilidades associadas às categorias Abaixo da MédiaEm Torno da Média e Acima da Média são, respectivamente: 65%, 25% e 10%. “Neste caso, a categoria mais provável é a abaixo da média. Significa que vamos ter seca meteorológica? A resposta é não!”, ressaltou. “Significa que, para o estado do Ceará, sob as mesmas condições iniciais do momento da previsão (Janeiro), teríamos 65% de chance de termos a média observada de precipitação na categoria abaixo da média”, explicou. 
“Nosso papel é apontar adequadamente os riscos aos setores do governo e sociedade para viabilizar a antecipação das ações do governo diante o quadro futuro possível”, justificou o presidente da Funceme. 
Eduardo Sávio Martins destaca ainda que a instituição poderia evitar comentários depreciativos ao apontar um cenário em torno da média. “Neste momento não estaríamos recebendo muitas críticas, mas quem sabe se daqui a quatro meses, e agora já sob efeito do forte El Niño, não receberíamos críticas ainda mais pesadas por não termos alertado à sociedade e ao governo?”, questiona. “A ZCIT que se busca prever é a Zona de Convergência Inter-Tropical e não a Zona de Conforto Inter-insTitucional. Temos que ser objetivos neste sentido, e é como podemos contribuir para a preparação a uma eventual seca”, defende. 
O gestor disse ainda que a fundação investiu “muito em modelagem de clima visando usá-la como base de nossas previsões para a estação nos resultados destes modelos”. E completou: “Nos últimos 4 anos de seca, foi exatamente a categoria abaixo da média a indicada como a mais provável”.
Fonte: Diário do Nordeste