Um estudo feito com 17 mil prostitutas durante três anos na Grécia mostrou que jovens gregas estão fazendo programa pelo preço de um sanduíche, após seis anos de austeridade no país. A pesquisa, publicada nesta sexta-feira pelo professor de sociologia da Panteion University em Atenas Gregory Laxos, também advertiu que o sexo oferecido por elas é o mais barato da Europa.
Além disso, quem está dominando a indústria da prostituição no país são as próprias gregas (80%), e não mais mulheres do Leste Europeu. A maioria delas começa a fazer programa ainda jovem na Grécia. A idade média das iniciantes está entre 17 e 20 anos.
“Algumas mulheres fazem isso somente por uma torta de queijo, ou um sanduíche porque estão com fome”, disse Gregory, segundo o Washington Post. “Outras [fazem isso] para pagar impostos, contas, despesas urgentes ou conseguir drogas rapidamente”, acrescentou.
Antes da crise econômica, o programa na Grécia custava em média 50 euros (199 reais), segundo Gregory. Agora, o preço de 30 minutos caiu para 2 euros (8 reais).
Gregory lembrou que esses casos “desesperados” podiam ser os de milhares de prostitutas, mas eles só se tornaram “tendência” depois da crise financeira.
O professor se confessou pessimista: “Não parece que esses números vão cair”.
O estudo foi publicado cerca de um mês depois de uma reportagem chocar a Grécia: uma mulher, de 44 anos e desempregada, foi sentenciada a 33 anos de prisão e a pagar 100 mil euros (399 mil reais) de multa por prostituir sua filha, 12 anos. A mãe oferecia aliciava a garota para homens aposentados e até um padre.
Gregory afirmou que o choque do país “reflete a negação da sociedade a respeito das mudanças que estão acontecendo” na Grécia. “As autoridades do Estado devem finalmente agir, ao invés de continuar indiferentes”, declarou o professor.