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sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Pão, massas e medicamentos devem ficar mais caros

Se há um produto cuja alta do dólar impacta famílias de todas as faixas de renda, esse produto é o pão. Tanto o preço da farinha de trigo como o do frete para trazê-la ao Brasil são cotados na moeda americana. Outro setor sensível à flutuação do câmbio e que também atinge consumidores de todos os perfis é o farmacêutico, já que mais de 90% das matérias-primas utilizadas na fabricação de medicamentos são importadas. Para estes produtos, o reajuste deve ocorrer no próximo.
Apesar das recentes altas do dólar, que ontem passou de R$ 4,10, o aumento do preço de pães e massas não deve ser imediato. “Não dá para ficar só aumentando preço porque as vendas caem. Então a gente fica numa situação muito complicada porque todos os custos estão subindo”, diz Lauro Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria no Estado do Ceará (Sindpan). “A gente sabe que o consumo está num momento de estagnação.”

A expectativa do setor é de que novos reajustes no preço do pão serão inevitáveis com o dólar acima de R$ 4. O que pode ocorrer nos próximos 30 dias, conforme novas encomendas de trigo forem chegando, diz Martins. No início do ano, o quilo do pão francês era de cerca de R$ 9 na Capital e em maio sofreu um reajuste de 8%. Hoje, o quilo custa em torno de R$ 9,60. Segundo Martins, cerca de 45% do preço do pão é referente ao custo com farinha de trigo e frete. Ele diz, porém, não dá para prever quando haverá novos aumentos.

Além do pão, outros alimentos à base de trigo, como biscoitos e massas, também devem ser reajustados. De acordo com o presidente do Sindpan, cerca de 60% do custo desses produtos está atrelado ao dólar. “Ainda não dá para saber o tamanho desse impacto, mas estamos muito preocupados com relação ao futuro da situação econômica, a gente não tem mais muito o que fazer, porque os custos nós já reduzimos.”

Medicamentos
Para a indústria farmacêutica, a situação não é diferente. Mas como os preços são controlados pelo governo, e os reajustes acontecem uma vez por ano, a alta do dólar deve ser repassada para o consumidor apenas a partir de abril de 2016. “Acredito que o reajuste fique entre 8% e 9%”, diz Deusmar Queirós, presidente do Grupo Pague Menos. Devido ao tabelamento de preços de remédios, Queiroz diz que as farmácias não estão sentindo os efeitos da crise econômica. “A nossa preocupação é com o aumento do desemprego, isso poderá impactar nas vendas”, ele diz.
Para indústria farmacêutica, no entanto, a alta do dólar já está pesando. Sem poder repassar a alta, os produtores têm buscado maneiras de reduzir os custos de produção. “A margem de lucro já foi toda corroída (pela valorização do dólar). Então temos que nos tornar mais produtivos e mais competitivos para nos sobressair”, diz Marcos Antônio Ferreira, presidente do Sindicato das Indústrias Químicas e Farmacêuticas no Estado do Ceará (Sindquímica). Já os aumentos dos cosméticos já estão sendo repassados para o consumidor. “É provável que os cosméticos sofram um aumento muito significativo”, diz Queiroz.
Fonte: O Povo