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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Casos da Síndrome de Guillain-Barré no Ceará são investigados

(Foto: Divulgação/O Povo)

Casos recentes da Síndrome de Guillain-Barré (SGB) tem chamado a atenção de médicos no Ceará. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), foram confirmados dez casos da doença - neurológica, de origem autoimune e que provoca fraqueza muscular generalizada -, até abril pelo Núcleo Hospitalar de Epidemiologia da pasta.

O POVO apurou, porém, que no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), para onde a maioria dos casos é levada, foram 15 diagnósticos em uma semana, no mês de junho.

Em relação a anos anteriores, conforme a Sesa, não há variação significativa de casos - em 2013, foram confirmados 32, e, no ano passado, 38. A secretaria ressalta que “casos suspeitos recentes ainda não foram confirmados”. O quadro atual chama a atenção porque já foram confirmados 50 casos na Bahia, em 2015, 14 no Maranhão e seis na Paraíba, onde uma pessoa morreu.

O Ministério da Saúde ressalta que a doença não é de notificação compulsória, portanto, não há registro do número de casos. Em 2014, foram 65.884 procedimentos ambulatoriais e hospitalares no SUS em decorrência da síndrome no País. O órgão sustenta que a situação na Bahia se mantém na mesma proporção registrada em 2014, mas que acompanha, junto à Secretaria da Saúde daquele Estado, a investigação dos fatores associados à ocorrência da síndrome, e espera o resultado final.

No HGF, de acordo com um médico da equipe de neurologia do hospital, a maioria dos casos foi de pacientes de Fortaleza, mas muitos também vieram do Interior, entre pacientes de 16 a 70 anos. O profissional lembra que não é possível evitar ou prevenir a doença, já que ela costuma aparecer duas a quatro semanas após o paciente ter tido alguma infecção, como dengue, zika ou mesmo um resfriado. Em alguns casos, a manifestação acontece após vacinas.
 
Síndrome

O neurologista Francisco Gondim, chefe do Serviço de Neurologia do Hospital Universitário Walter Cantídio, diz que a síndrome “eventualmente acontece no Ceará”. “Se for diagnosticado precocemente, nas primeiras semanas, tende a regredir totalmente. Existem formas mais agressivas, que, dependendo da complicação dos sintomas, a pessoa pode ficar incapacitada ou morrer”, afirma.

A engenheira de alimentos Nayara Peixoto, 24, teve o diagnóstico de SGB em outubro. Depois de uma forte gripe por cinco dias, ela conta ter acordado com dormência nos braços e pernas. No mesmo dia, não conseguia ficar firme em pé sozinha. “Meu estágio foi mais simples, não precisei ficar entubada. Mas foi mais de um mês pra conseguir levantar e andar”, lembra. 

Saiba mais

Especialistas ressaltam que as suspeitas no Ceará não devem gerar pânico, e sim reforçar a importância de procurar um médico tão logo a pessoa sinta fraqueza nas pernas que impeça de andar, o que costuma ser um dos primeiros sintomas.
 
O Ministério da Saúde destaca que não há, até o momento, estudos que indiquem a relação entre dengue e zika e casos dessa enfermidade. 

Fonte: O Povo