(Foto: Divulgação/O Povo)
Casos recentes da Síndrome de Guillain-Barré (SGB) tem chamado a
atenção de médicos no Ceará. De acordo com a Secretaria da Saúde do
Estado (Sesa), foram confirmados dez casos da doença - neurológica, de
origem autoimune e que provoca fraqueza muscular generalizada -, até
abril pelo Núcleo Hospitalar de Epidemiologia da pasta.
O POVO apurou, porém, que no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), para onde a maioria dos casos é levada, foram 15 diagnósticos em uma semana, no mês de junho.
Em relação a anos anteriores, conforme a
Sesa, não há variação significativa de casos - em 2013, foram
confirmados 32, e, no ano passado, 38. A secretaria ressalta que “casos
suspeitos recentes ainda não foram confirmados”. O quadro atual chama a
atenção porque já foram confirmados 50 casos na Bahia, em 2015, 14 no
Maranhão e seis na Paraíba, onde uma pessoa morreu.
O
Ministério da Saúde ressalta que a doença não é de notificação
compulsória, portanto, não há registro do número de casos. Em 2014,
foram 65.884 procedimentos ambulatoriais e hospitalares no SUS em
decorrência da síndrome no País. O órgão sustenta que a situação na
Bahia se mantém na mesma proporção registrada em 2014, mas que
acompanha, junto à Secretaria da Saúde daquele Estado, a investigação
dos fatores associados à ocorrência da síndrome, e espera o resultado
final.
No HGF, de acordo com um médico da equipe de neurologia
do hospital, a maioria dos casos foi de pacientes de Fortaleza, mas
muitos também vieram do Interior, entre pacientes de 16 a 70 anos. O
profissional lembra que não é possível evitar ou prevenir a doença, já
que ela costuma aparecer duas a quatro semanas após o paciente ter tido
alguma infecção, como dengue, zika ou mesmo um resfriado. Em alguns
casos, a manifestação acontece após vacinas.
Síndrome
O
neurologista Francisco Gondim, chefe do Serviço de Neurologia do
Hospital Universitário Walter Cantídio, diz que a síndrome
“eventualmente acontece no Ceará”. “Se for diagnosticado precocemente,
nas primeiras semanas, tende a regredir totalmente. Existem formas mais
agressivas, que, dependendo da complicação dos sintomas, a pessoa pode
ficar incapacitada ou morrer”, afirma.
A engenheira de
alimentos Nayara Peixoto, 24, teve o diagnóstico de SGB em outubro.
Depois de uma forte gripe por cinco dias, ela conta ter acordado com
dormência nos braços e pernas. No mesmo dia, não conseguia ficar firme
em pé sozinha. “Meu estágio foi mais simples, não precisei ficar
entubada. Mas foi mais de um mês pra conseguir levantar e andar”,
lembra.
Saiba mais
Especialistas
ressaltam que as suspeitas no Ceará não devem gerar pânico, e sim
reforçar a importância de procurar um médico tão logo a pessoa sinta
fraqueza nas pernas que impeça de andar, o que costuma ser um dos
primeiros sintomas.
O Ministério da Saúde destaca que não
há, até o momento, estudos que indiquem a relação entre dengue e zika e
casos dessa enfermidade.
Fonte: O Povo