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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Meningite é comum nesta época do ano e não deve inspirar pânico

Onze casos de meningite foram registrados no Ceará em 2015 e duas pessoas morreram por causa da doença. Os dois estavam presos em Itaitinga (Região Metropolitana de Fortaleza). Em 2014, foram 15 ocorrências da doença e três mortes no Estado.
Caracterizada por um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, a meningite pode ter variadas causas e ser causada por vírus ou bactéria. Os dois tipos têm possibilidade de transmissão. A doença é comum nesta época do ano, assim como outras doenças autolimitadas (quando o sistema imunológico combate o invasor estranho).

O médico infectologista Ronald Pedrosa afirma que a doença não deve inspirar sensação de pânico na população. Porém, ele ressalta que o total de 11 casos pode estar sendo subestimado. “Se você considerar os 11 casos e dois óbitos, são quase 20% de mortes. Isso é uma porcentagem muito alta. Esses casos talvez sejam apenas os bacterianos”.
Aglomeração e más condições de higiene e saneamento básico são condições propícias para ocorrência da doença. “O diagnóstico também não é tão fácil de ser feito, principalmente nesta época, com tantas doenças com sintomas parecidos”, indica. A maior incidência da doença é entre crianças porque elas costumam ficar muito próximas e compartilhar lanches, cita o médico.
A doença
De acordo com o infectologista Ivo Castelo Branco, muitos tipos de inflamação podem desencadear a meningite. “Causas infecciosas como protozoários, vírus, fungos, causas traumáticas, otite, até os processos de quimioterapia e radioterapia”, exemplifica. A transmissão, conforme ele, acontece da seguinte forma: o indivíduo recebe o agente infeccioso e, dependendo da imunidade da pessoa, o germe coloniza o muco das vias superiores, cai na circulação sanguínea e vai para as meninges, que cobrem o sistema nervoso central.

O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem impedir óbitos e sequelas graves, como perda da visão, audição, movimentos e até retardo mental. “Com a meningite bacteriana, mesmo com terapia precoce, com antibióticos potentes, pode haver sequelas”, alerta.
Conforme informações da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), o meningococo (comum na meningite bacteriana) é encontrado (sem causar doença) no nariz e na garganta de 10% a 25% da população. Quem carrega a bactéria nessas regiões é chamado portador assintomático. A maioria dos portadores não adoece, mas pode transmitir a infecção potencialmente fatal a outras pessoas através de secreções respiratórias, da saliva expelida ao tossir e espirrar ou por outras formas de contato próximo.