Acompanhando a alta de preços como trigo, gás e energia, o pão deverá ficar entre 8% e 10% mais caro para os consumidores cearenses. Segundo o Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Ceará (Sindpan-CE), o aumento está previsto para o início do próximo mês. O quilo do pão, que hoje custa, em média, R$ 8,50, deverá ficar entre R$ 9,18 e R$ 9,35.
Conforme o presidente do Sindipan-CE, Lauro Martins, um dos principais elementos que influenciarão a alta é o aumento do trigo no mercado externo, sobretudo porque a maior parte do que o Estado importa tem vindo do hemisfério norte - sobretudo dos Estados Unidos e do Canadá -, e não mais da Argentina.
Restrições
O trigo argentino, explica, é adquirido por um preço mais barato e costumava representar mais da metade do que o Ceará comprava no exterior. Contudo, devido a restrições impostas pelo governo argentino, as exportações do país vizinho foram reduzidas.
Com a alta do dólar nos últimos meses, ilustra, a compra do trigo se tornou mais cara. Lauro ressalta que todo o trigo consumido no Ceará atualmente é importado. De acordo com Martins, o aumento do próximo mês, embora seja expressivo, ainda não representará a elevação dos custos dos panificadores.
"Só a energia pode subir em torno de 30%, esse ano, e o gás deve aumentar 15%", aponta, acrescentando que as embalagens utilizadas pelo setor também sofreram alta nos últimos meses. Outro fator que pesará na elevação de fevereiro, acrescenta, é o reajuste do salário dos padeiros, no próximo mês.
Repasse
Martins informa que, caso os custos fossem inteiramente repassados aos consumidores cearenses, a variação de fevereiro seria entre 14% e 16%, do preço praticado atualmente. "Nós não queríamos dar aumento, porque isso até diminui as vendas, mas não temos como também vender tendo prejuízo", frisa.
Lauro Martins frisa ainda que, dependendo da variação dos insumos utilizados pelo setor, nos próximos meses, novos ajustes poderão acontecer ainda neste semestre. "Mas, se continuar nesse mesmo patamar, o preço deve estabilizar depois do próximo mês", projeta.
Um dos maiores receios do setor, a energia elétrica poderá ter reajustes expressivos em 2015 por conta do custo adicional que as distribuidoras de energia têm tido, nos últimos anos. Com o nível baixo dos reservatórios, as empresas têm comprado energia das térmicas, que vendem eletricidade mais cara.
Após alta, carne estabiliza
Apesar do período de seca vir se estendendo durante este ano no Nordeste e no Sudeste, acarretando aumento nos custos de produção de carnes bovinas, o varejo cearense não deve repassar mais altas significativas no preço do alimento ao consumidor cearense, nos próximos meses. Grandes elevações no valor do produto comercializado - que no ano passado esteve até 20% mais caro - poderiam desestimular as vendas.
A previsão do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes de Fortaleza (Sindicarnes), Francisco Everton da Silva, é que os valores do produto tenham oscilações pouco significativas daqui em diante, mantendo-se no patamar atual.
Segundo ele, carnes de primeira, como alcatra, vem sendo vendidas, em média, por R$ 24,00 o quilo. Já o lombo, considerado de segunda, está em R$ 13 o quilo. O consumidor que opta por carnes de terceira, como a costelinha, está pagando, em média, R$ 10, pelo quilo no varejo cearense. "Não acreditamos mais em aumentos, se não o consumidor não vai mais aguentar", avalia o presidente do Sindicarnes. Everton destaca que a elevação dos preços de carnes bovinas chegou a 20%, no ano passado em comparação a 2013.
'Vilã'
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a carne foi - juntamente com o arroz, o café e o pão - um dos vilões da elevação do preço na alimentação básica em 2014, tendo subido, em média, 17,32%, frente ao ano anterior.
Everton destaca que, além da estiagem, a alta nos preços da carne bovina vem sendo impactada pelo dólar, que vem se mantendo acima de R$ 2,50. Isso tem estimulado as exportações no setor, colocando as carnes bovinas em concorrência internacional e encarecendo o valor local.
As vendas de carnes bovinas no varejo se mantiveram estáveis no ano passado, frente as comercializações de 2013, apesar da alta significativa nos preços em 2014. "Esse foi um ano atípico, por conta da Copa do Mundo e das eleições", avalia, acrescentando que os eventos estimularam o consumo do alimento, fazendo com que as comercializações ficassem nos mesmos patamares do ano anterior, mesmo com a disparada nos valores.