A candidatura de Ailton Lopes (PSOL) ao Governo do Estado do Ceará ganhou projeção nacional nesta semana após o postulante, durante o horário eleitoral destinado à coligação "Frente de Esquerda Socialista (PSOL, PCB e PSTU), dar um depoimento em que assume sua homossexualidade.
“Sou gay e sei como é difícil, me aceitar, me assumir. Enfrentei o medo da rejeição, a desconfiança se eu era normal, o medo de ser alvo de piadas. [...] É impressionante como o amor tem causado mais choque do que a guerra, do que a violência e a desigualdade”, diz Lopes na propaganda.
Em entrevista ao Portal Folha de S. Paulo, Ailton afirmou que a declaração foi um “ato político”.
“Conversei com o partido que queria trabalhar esta questão sexual e me assumir durante o programa eleitoral. Disse que o fato de eu me assumir seria um ato político para confrontar e ajudar a reprimir crimes de homofobia. Eu mesmo fiz o texto e quis abordar a questão”, afirmou.
O potiguar Lopes, 36, é formado em letras e trabalha no Banco do Brasil. Afirma que, nos últimos dez anos, assumiu-se gay “por etapas”: amigos, colegas de faculdade e família. Separado recentemente, ele foi candidato do PSOL a deputado estadual em 2006 e candidato a vereador de Fortaleza em 2008.
“Já recebi uma série de relatos de pessoas elogiando minha atitude . Outras pessoas me disseram que isso serviu de estímulo para elas fazerem o mesmo. O Ceará está inserido em um contexto de muita violência contra gays e lésbicas, principalmente no interior, assim como outros Estados nordestinos”, diz.
Para Lopes, os três principais candidatos à Presidência –Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB)– evitam demandas do movimento LGBT por medo de perder votos.
“Os principais candidatos estão mais preocupados com votos do que em acrescentar ideias ao debate político. Por isso eles evitam polêmicas a qualquer custo. A questão de gênero vem sendo tratada sem a seriedade que merece e, com isso, os crimes de homofobia estão sendo negligenciados”, disse.
Fonte: Folha de S. Paulo