Caso Ciro Gomes aceite concorrer ao Senado, a tendência é que o
candidato apoiado por Cid Gomes (Pros) ao Governo seja de outro partido
da base aliada. A afirmação foi feita pelo governador na noite de
ontem, durante cerimônia de entrega da Medalha da Abolição. Os
homenageados foram o jornalista Demócrito Dummar (in memoriam),
presidente do O POVO de 1985 a
2008, o empresário Airton Queiroz, chanceler da Universidade de
Fortaleza e diretor executivo do Grupo Edson Queiroz, e o artista
plástico Sérvulo Esmeraldo.
Na cerimônia de ontem, ainda ecoava o burburinho depois que o
governador admitiu, na véspera, a possibilidade de renunciar em abril
para permitir que Ciro seja candidato. “Se há uma decisão do Ciro, que é
do Pros, em ser candidato a senador, que é um dos três cargos
majoritários, não é razoável que o Pros tenha outro cargo majoritário,
quer seja governador ou vice-governador”, disse Cid, citando PT, PMDB,
PDT e PCdoB como siglas que poderiam indicar nomes.
Ainda
segundo o governador, a candidatura do irmão ao Senado depende somente
do próprio Ciro. “Se o Ciro desejar ser candidato ao Senado, eu tenho
de renunciar ao governo. Se ele não quiser, ficarei até o final (...).
Vai haver muita pressão sobre ele, e ele vai definir se vai ou não. A
primeira posição dele foi de não ser, mas tem muita gente ponderando
que o Ceará precisa de uma presença forte no Senado”, disse.
A fala de Cid tanto alimenta o desejo de Eunício Oliveira (PMDB)
disputar o governo com apoio do Palácio da Abolição quanto fortalece
setores do PT que defendem candidato próprio. Na noite de ontem, no
entanto, o governador evitou antecipar mais indicações.
“A
única coisa que tem de ser decidida agora é a candidatura do Ciro, por
conta dos prazos. Tudo mais pode ficar para junho, o que é melhor,
porque temos demandas do Estado”, disse Cid, afirmando que se reunirá
com o peemedebista nesta sexta-feira.
Presente no evento
de ontem, Eunício evitou comentar possível renúncia de Cid. Ele
reforça que o PMDB priorizará manter unidade da base aliada de Dilma
Rousseff (PT) no Estado, mas não nega interesse em ter candidato à
sucessão.
O deputado Camilo Santana (PT), frequentemente cotado como candidato
do PT ao governo, também evitou comentar o assunto. Segundo ele,
posição do partido é conduzida por José Guimarães (PT), que hoje defende
candidatura do PT ao Senado.
Após
término da cerimônia, Cid Gomes e Eunício Oliveira se cumprimentaram
no cerimonial do Palácio da Abolição. Cortesia entre os dois foi
bastante breve, sem muitos sorrisos, e teve direito a cochichos mútuos
de ouvido.
O presidente da Assembleia Legislativa e
pré-candidato ao governo, Zezinho Albuquerque (Pros), chegou ao evento
junto de Cid e dos homenageados. O vice-governador do Estado e também
pré-candidato, Domingos Filho (Pros), chegou alguns minutos antes.
Eunício
Oliveira chegou ao evento depois do início da cerimônia, durante
entrega da primeira homenagem, e sentou ao lado do prefeito de
Fortaleza, Roberto Cláudio (Pros). Ele disse que estava em Brasília,
onde trabalhou no sentido de inviabilizar instalação de CPI contra o
governo Dilma Rousseff.
Estiveram presentes diversos
representantes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Ministério Público
do Estado (MP-CE) e Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE).