A mãe do adolescente que imobilizou um homem que sofreu um infarto após um roubo de celular em Franca (SP) na tarde de segunda-feira (24) alega que seu filho está amedrontado. A Polícia Civil apura se o golpe aplicado no pescoço do suspeito pelo jovem de 16 anos durante a imobilização - minutos depois de uma mulher com bebê ser assaltada - pode ter levado ao problema cardíaco e à morte do homem na noite de terça-feira (25).
A mulher, que prefere não ser identificada, diz que o objetivo do adolescente era ajudar a vítima do assalto. Ela também ressalta que seu filho não pratica artes marciais e que, durante a perseguição, não abusou da força para deter o suposto ladrão. "A intenção dele era ajudar a moça por causa do bebê que ela segurava no colo quando foi assaltada. A moça ficou muito apavorada. Meu filho não faz nada, não pratica luta. Só faz exercício em casa e na academia. Agora ele está assustado. Estamos todos assustados com essa exposição", afirma.
Ela relata que, na tarde de segunda, seu filho voltava do trabalho quando presenciou o roubo. "Ele viu a moça sendo agredida pelo bandido. Ele e um vizinho foram atrás do ladrão para pegar o celular da moça de volta, porque a moça estava muito desesperada", afirma.
Segundo a mãe, o suspeito, então, correu em direção a um campo de futebol onde havia abordado a mulher para se esconder, mas foi encontrado por seu filho e por um vizinho dele. "Quando meu filho e o vizinho chegaram lá, ele tirou a camisa e jogou no rosto do meu filho. Aí meu filho o segurou. Daí, quando meu filho o segurou, o celular caiu", diz.
A mulher garante que o adolescente não tinha intenção de machucar o suspeito. "Ele não segurou o homem com muita força. Ele falou que acha que o homem já era meio fraco. Ele só segurou o rapaz. Eu creio que o moço, por ter corrido uma distância muito grande, passou mal e ficou sem ar", afirma.
Como o adolescente estava atrás do suspeito, ele não viu que o homem tinha começado a passar mal, relata a mãe. Segundo ela, o jovem só soube disso quando o outro rapaz que o acompanhou na perseguição o avisou. "Meu filho estava por trás do ladrão, ele não conseguia enxergar o rosto do homem. Daí o moço disse: 'solta ele, que parece que ele está meio roxo'. Aí meu filho soltou. O homem ficou lá, parado, mas estava respirando. Quando ele soltou o ladrão, a polícia já tinha chegado e o reanimou", diz.
De acordo com a Polícia Civil, tudo começou na tarde de segunda-feira, quando uma mulher que seguia em direção a um consultório médico no bairro São Joaquim, com o filho de 3 meses no colo, foi abordada por um ladrão que tomou seu aparelho celular e saiu correndo. Um adolescente perseguiu e imobilizou um suspeito com os braços em volta do pescoço. Em seguida, o suposto assaltante, já caído no chão, começou a passar mal e teve um infarto.
Policiais militares realizaram o procedimento de ressuscitação e o homem foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) até a Santa Casa. De lá, foi transferido ao Hospital do Coração. Segundo a polícia, ele seria encaminhado a uma unidade prisional quando recebesse alta do hospital, mas, na noite de terça-feira, ele morreu. A assessoria de imprensa do hospital informou que a morte foi registrada por volta das 23h, em decorrência de uma parada cardíaca agravada pelo infarto.
A Polícia Civil já ouviu o adolescente de 16 anos e apura se o golpe aplicado durante a imobilização pode ter causado o infarto e a morte do suspeito. O resultado do laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Franca deve ficar pronto nos próximos 30 dias.