Mesmo com a decisão da Justiça que declarou, na última quinta-feira, a ilegalidade da greve dos servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-CE), membros do Sindicato de Trabalhadores da Área de Trânsito (Sindetran-CE) decidiram, em assembleia ontem, permanecer na paralisação. O sindicato informa que aproximadamente 300 funcionários estão sem trabalhar desde o dia 17 do mês passado, enquanto o Detran diz que são cerca de 50. Com o posicionamento, o grupo estará sujeito ao pagamento de multa diária no valor de R$ 300 para cada servidor e R$ 50 mil para o sindicato.
Para a presidente do sindicato, Eliene Uchoa, uma das justificativas utilizadas pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) e pela Procuradoria Jurídica do Detran para exigir a suspensão da greve não tem procedência. O argumento é que os funcionários teriam deflagrado a greve durante processo de negociação, o que a tornaria irregular. "Esse é o quinto movimento que realizamos com a mesma pauta. Já houveram sete acordos que não foram cumpridos", afirma.
As principais reivindicações da categoria são a favor da implantação de um Plano de Cargos e Carreiras específico, da reestruturação da tabela salarial e da reposição do quadro de profissionais, o qual, segundo a diretora do sindicato, seria pequeno demais para atender à demanda de todo o Estado. Ainda na manhã de ontem, os trabalhadores paralisados voltaram a ocupar o setor de Registros do departamento, levando tambores e vestindo camisetas com os dizeres "Estamos em Greve".
Sobre a multa que o sindicato e os servidores terão de pagar e o descumprimento da liminar que obriga a retomada das atividades de imediato, Eliene alegou que a insatisfação da categoria é mais forte que a determinação da Justiça. "Para os trabalhadores estarem desacatando essa decisão, é porque a indignação está acima disso. Agora, vamos nos organizar para saber como encaminhar esse novo momento da mobilização", destacou.
Ainda na manhã de ontem, muitos usuários do Detran foram à sede do órgão, no bairro Maraponga, acreditando que a paralisação havia sido encerrada, mas acabaram perdendo a viagem. Os setores de Registros, Vistorias, Fiscalização e os exames práticos para retirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) estavam parados. Funcionavam apenas os serviços de agendamento e realização de exames médicos e provas de legislação também destinados à emissão da CNH, onde atuam profissionais terceirizados.