Mesmo ficando no Governo e com perspectiva de eleger o sucessor, o governador Cid Gomes (PROS) vai encontrar dificuldade para montar a chapa majoritária e garantir a sólida aliança formada para sua reeleição. A determinação do senador Eunício Oliveira (PMDB) em ser candidato à chefia do Executivo cearense, o racha no PT local, e o desgaste natural da administração, compõem o quadro adverso às pretensões de Cid, obrigando-o, quem sabe, a fazê-lo mudar de ideia quanto a ficar no cargo até o fim do mandato e, por imperiosa necessidade, ser candidato ao Senado.
A presidente Dilma Rousseff (PT), por certo, será a principal aliada do governador no campo da facilitação das alianças partidárias, por razões diversas, inclusive pelos motivos apontados para o rompimento do político cearense com o seu antigo partido, o PSB. Mas é preciso que ela esteja muito bem situada como candidata àa reeleição. Qualquer raio de fragilidade, em razão das démarches dos seus adversários na disputa pela Presidência da República, fortalecerá agremiações hoje aliadas e limitará os espaços da presidente.
O senador Eunício Oliveira, da cúpula nacional peemedebista, embora não confirme, tem atuado, persistentemente, no sentido de garantir, antecipadamente, o apoio do PT à sua postulação no Ceará. Em todas as conversas, na Capital Federal, envolvendo alianças estaduais entre petistas e peemedebistas, surge a cobrança para o PT definir o apoio a ele, sob a alegação de ambos integrarem o grupo liderado por Cid, e neste já terem votado duas vezes seguidas.
O PT nacional, onde esperam todos os principais personagens da sucessão cearense, até aqui, tem relutado ao assédio peemedebista, posto estar comprometido em apoiar o candidato indicado pelo governador. O senador, na verdade, não tem logrado êxito nas suas incursões. Garantindo uma aliança com o PT, Eunício acuaria Cid, e antecipadamente o ambiente da sucessão estadual estaria experimentando outra configuração.
O PMDB é importante no projeto de reeleição da presidente, mas, no sopesar das forças políticas, por conta da fartura de apoios à candidatura de Dilma, e ainda as oposições não terem demonstrado maior força de reação, o partido de Eunício tem pouco espaço de manobra para impor suas candidaturas majoritárias nos estados. Mudando essa realidade, porém, nada impossível, os peemedebistas podem reunir forças suficientes para se insurgirem e lançar candidatos, inclusive no Ceará.
A saída do PMDB do bloco governista, para ter o seu próprio candidato, reclamará uma reengenharia do grupo de Cid Gomes, pois ela insuflará mais ainda a divisão no seio do PT e estimulará a tantos quantos queiram empunhar a bandeira de oposição, mesmo votando em Dilma, mas em palanque com espaço para Aécio Neves ou à dupla Eduardo Campos e Marina Silva. Carentes de nomes, os adversários do governador, aplaudirão uma possível postulação de Eunício, não só pela divisão do bloco, até então monolítico, mas pelo fato de ela se apresentar competitiva.
Como em política o impossível não existe, mesmo sendo difícil de acontecer, nas circunstâncias de hoje, se aceitar a direção do PMDB apoiar um nome escolhido por Cid, para substituí-lo, a partir de janeiro de 2015, os peemedebistas vão fazer restrições ao nome do deputado federal José Guimarães (PT) na chapa majoritária. Aliás, a pretensão de Guimarães também tem óbices no seu próprio partido, apesar de vir a ser o controlador do diretório estadual, a partir do próximo mês.
A ex-prefeita Luizianne Lins (PT), sem uma opção de nome para marcar sua diferença com o governador Cid Gomes, vai reclamar, por certo, o direito de indicar o nome do PT para compor a chapa majoritária organizada pelo chefe do Executivo estadual, não por querer estar no palanque ao lado de Cid, afinal, ainda é muito curto o espaço de tempo que separa a troca de acusações entre ela e o governador. Ela vai querer ter o poder de indicação, também para vetar o nome de Guimarães, o seu principal adversário depois de Cid.
EDISON SILVA
EDITOR DE POLÍTICA
Fonte; Diário do Nordeste