O Brasil é 18º no ranking de países mais violentos do mundo. O levantamento divulgado na última semana pelo Instituto Avante Brasil (IAB) é inédito por cruzar os dados de países listados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2012, da Organização das Nações Unidas (ONU), e as taxas de homicídios de cada país, apresentado pelo Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes (UNODC).Pelos índices, verificou-se que quanto melhor a posição do país no ranking da ONU, menor sua taxa de homicídios.
Estatísticas brasileiras de 2010 revelam uma taxa de 27,4 mortes para cada grupo de 100 mil pessoas. A 18ª posição no ranking do Instituto foi obtida a partir da 85º classificação que o país exibiu no IDH de 2012. Os países considerados mais violentos pela pesquisa foram Honduras e El Salvador, na América Central, e o africano Costa do Marfim. O país insular da Micronésia, no Oceano Pacífico, chamado Palau, foi considerado o menos violento do planeta, com nenhum homicídio registrado em 2008.
A antropóloga Jânia Perla de Aquino interpreta os dados brasileiros sem se precipitar a uma correlação direta entre pobreza e crime, mas estabelece uma intrínseca ligação entre baixos investimentos em políticas sociais e estratégias equivocadas no setor de segurança pública. "As pessoas das periferias urbanas estão de fato mais vulneráveis porque vivem em áreas onde as políticas sociais para infância e juventude falham. Falta mais cobertura policial e os pais têm mais dificuldades de evitar o consumo e o comércio de drogas, além da exposição fácil ao uso ilegal de armas", destaca a pesquisadora do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Jânia qualifica Fortaleza, dentro de um contexto estadual, como um "caso grave", em relação à violência. Ela diz que a Capital possui enormes disparidades sociais, com concentrações de renda muito intensas. "Penso que o Estado está devendo à população mais investimentos sociais, e a política de segurança pública, embora receba atenção, não tem se mostrado eficiente. Em termos operacionais, a população está insatisfeita. Também em relação à saúde, à educação. É preciso criar mais oportunidades para jovens de baixa renda. Isso os afasta da criminalidade", defende a pesquisadora.