Parentes e amigos querem entender como Augusto Sérgio Alves da Silva, de 21 anos, foi morto dentro de um carro da Polícia Militar, onde ele estava detido e algemado, em Santa Helena de Goiás, no sudoeste do estado.
De acordo com testemunhas, o jovem estava armado e teria feito ameaças a outro rapaz, com quem teve um desentendimento. A polícia foi chamada e Augusto Sérgio acabou detido. Ele estava sendo conduzido para a delegacia da cidade e, no veículo, apenas um policial fazia a escolta.
O carro da polícia estava estacionado em frente a um bar, na periferia de Santa Helena de Goiás. Na versão do PM, o suspeito, mesmo algemado com as mãos para trás, conseguiu pegar a espingarda no banco traseiro do veículo. Na tentativa de retirar a arma dele, os dois entraram em confronto e a arma disparou um tiro, que atingiu o rosto do jovem.
Para a família, há várias dúvidas sobre o caso que precisam ser esclarecidas. O pai da vítima, Sérgio Alves da Silva, acha improvável o filho ter conseguido pegar a espingarda. “Uma pessoa algemada, com as mãos para trás, conseguiria pegar uma arma no banco de uma viatura e entrar em atrito com um policial?", questiona.
Para ele, houve negligência do policial na hora de prestar socorro: "Por que eles não pediram primeiros socorros, que no caso seriam Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e Corpo de Bombeiros? Eles mesmos deslocaram meu filho até o hospital".
Por enquanto, o crime é tratado pela Polícia Civil como homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. O delegado que cuida da investigação, Carlos Roberto Batista, quer saber se o ferimento é compatível com a munição usada na arma de fabricação caseira. Para isso, ele aguarda os resultados das perícias da espingarda, do carro da polícia e o laudo do Instituto Médico Legal (IML).
“Ainda temos que aguardar o resultado da perícia, mas os vestígios, a meu ver, indicam que o disparo realmente veio dessa arma caseira. Porque tinha pólvora, pedaço de jornal e pedaços de esferas de chumbo dentro da viatura, o que indica que foi uma arma de fabricação caseira", explica o delegado.
O Comando Regional da Polícia Militar informou que abriu uma sindicância para investigar o caso. No entanto, o policial militar envolvido não foi afastado do trabalho.