O município de
Farias Brito, no sul do Ceará, é a localidade de maior incidência de dengue em
todo o Brasil. Os dados constam no boletim epidemiológico do Ministério da
Saúde e se referem ao ano de 2017, até o dia 15 de abril. Farias Brito registra
uma média de 1.527,5 casos para cada 100 mil habitantes.
Fortaleza
também aparece no ranking do Ministério da Saúde, como a cidade com mais de um
milhão de habitantes com maior incidência de dengue. São 119,4 casos prováveis
da doença a cada 100 mil habitantes. Além disso, a capital cearense também
consta com o maior índice médio de febre chikungunya, com 210,8 casos por 100
mil habitantes.
Em geral, o
Brasil tem diminuído os números de arboviroses, como dengue, febre chikungunya
e infecção por vírus da zika nos primeiros meses de 2017, em relação ao mesmo
período do ano passado. A dengue passou por uma redução de 90,4% nos casos
prováveis, enquanto chikungunya caiu 68,1% e a zika, 95,4%.
Contudo, Ceará
e Roraima são os dois únicos estados brasileiros em que as notificações de
dengue sofreram um aumento no comparativo ao ano anterior. Até 15 de abril de
2016, o Ceará registrou 13.548 ocorrências prováveis da doença, enquanto em
2017 o índice já chega a 15.826.
Em relação a
febre chikungunya, o Ceará também passou por crescimento nos números, indo de
4.294 possíveis casos para 17.012 em 2017.
Análise
Conforme a
análise do infectologista Anastácio Queiroz, os dados estão dentro do esperado
pois, mesmo com a diminuição da ocorrência das enfermidades em todo o país, é
comum que haja estados que sigam o sentido contrário.
"Ainda
existem locais em que o vírus da chikungunya, por exemplo, não entrou de
maneira importante, comprometendo a saúde pública. Aqueles que ainda não
sofreram pela doença vão sofrer num futuro próximo, é uma questão de tempo.
Desde 1986, o Ceará tem sido uma área endêmica e epidêmica para a dengue. Então
os dados não devem servir só como uma crítica ao poder público, mas como um
alerta a outros estados onde a situação ainda não é tão grave", assevera.
A continuidade
da manifestação das arboviroses, de acordo com o infectologista, tem causas
complexas e difíceis de serem combatidas. De acordo com o especialista,
questões como habitação, abastecimento de água e a própria educação das pessoas
não melhoraram de forma suficiente a conseguir amenizar o problema.
"As
pessoas, principalmente na periferia, habitam mal, moram mal e acumulam mal a
água. Em determinados bairros, falta o abastecimento de água. Mas não existe um
povo totalmente desordenado com um governo totalmente ordenado. Eles caminham
juntos. Pelo conhecimento que temos, a maioria dos focos está nas casas das
pessoas, mas o poder público tem o desafio de convencer a população de que tem
que cuidar."
Fonte: G1