A última edição do Boletim InfoGripe, da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira, destaca o aumento nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causadas pelas Covid-19 em quatro estados. São eles: Amazonas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Porém, devido ao tempo para que os dados entrem no sistema, o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, explica que o número de locais com tendência de alta pode ser maior. A análise do último boletim contempla o período de 30 de outubro a 5 de novembro.
“Como os dados laboratoriais demoram mais a entrar no sistema, é esperado que os números de casos das semanas recentes sejam maiores do que o observado nesta atualização, podendo inclusive aumentar o número de estados em tal situação”, diz o pesquisador, em comunicado.
Embora o Brasil tenha identificado casos da subvariante da Ômicron BQ.1, que tem demonstrado ter capacidade maior de provocar reinfecções, Gomes acredita que não é possível ainda atribuir uma nova onda às sublinhagens do Sars-CoV-2. Para ele, pode ser uma questão da sazonalidade do vírus. Isso porque, embora as vacinas ainda protejam contra formas mais graves e óbitos, não são tão eficazes para conter a contaminação devido às mutações do patógeno.
"Diferente do Influenza e outros vírus respiratórios com tipicamente um pico por ano, a Covid-19 pode estar se encaminhando para uma realidade na qual a gente tenha que conviver com dois momentos do aumento da sua circulação", afirma Marcelo Gomes.
A análise destaca que, nas últimas quatro semanas, a prevalência da Covid-19 entre os casos de SRAG foi de 36,9%, enquanto de vírus sincicial respiratório (VSR), que causa bronquiolite principalmente em crianças, foi de 26,1%. Em seguida, vieram as cepas do vírus da gripe, o Influenza A, 14,8% dos casos, e o Influenza B, 0,5%. Entre as mortes, o novo coronavírus teve presença mais significativa: 74,6%. Já o Influenza A foi responsável por 10,4% e os demais não foram associados a óbitos.
Apesar do crescimento na proporção de casos ligados à Covid-19 entre os estados citados, o boletim ressalta que os números de SRAG, que são eventos graves de infecção respiratória, apontam para uma tendência de estabilidade no país. Entre a faixa etária de 0 a 4 anos, por exemplo, em que se observava um crescimento ao longo do mês de outubro, o cenário é de interrupção do aumento.
Apenas dez estados apresentam tendência de crescimento a longo prazo: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. Porém, apenas no Amazonas e no Rio de Janeiro é possível associar esse crescimento aos casos de Covid-19.
No Rio Grande do Sul e São Paulo, por exemplo, onde também se observa uma maior proporção da Covid-19, não foi constatado um reflexo nos casos graves até a última atualização. Nos outros estados, os dados laboratoriais ainda não permitem definir se há predomínio de um vírus específico, explica o boletim.
Fonte: O Globo