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segunda-feira, 6 de maio de 2019

Pesquisa alerta que 77% dos brasileiros se automedicam; Prática traz riscos à população

Quando sente alguma dor na cabeça ou outro sintoma que pode estar relacionado a uma gripe, como febre, por exemplo, a consultora de vendas Aimara Barroso nem consulta um médico. Ela recorre logo para alguns medicamentos já conhecidos para aliviar o desconforto.

Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha, a pedido do Conselho Federal de Farmácia, 77% dos brasileiros se automedicam.

“Todo aquele remédio que evita febre, dor de cabeça… A gente tem um trabalho que é muito cansativo, fica muito tempo no celular, e acaba dando dor de cabeça. E a gente não tem tempo de procurar médico e acaba se medicando”, conta Aimara, em entrevista à Rádio Tribuna Band News FM.

A jovem de 23 anos não é a única a ter esse hábito. Uma pesquisa feita pelo Datafolha sob encomenda do Conselho Federal de Farmácia revela que 77% dos brasileiros se automedicam. E mesmo quando tem a prescrição médica, 57% da população insiste em alterar as doses dos medicamentos por conta própria.

Apesar de ainda se automedicar, Aimara conhece os riscos. O pai dela morreu no fim de janeiro em decorrência de um câncer, o que a deixou em alerta. Segundo a consultora, ele tomava todos os dias algum remédio sem prescrição.

“Ele trabalhava muito tempo no comércio e a vida dele era muito estressante. Por causa disso também, falta de tempo de consultar o médico, ele acabava se automedicando. Ele tomava remédio para dor na coluna, dor muscular, dor de cabeça, sem consultar o médico. Ele acabou tendo um câncer no fígado, ocasionado pelo excesso de medicamento que ele tomava”, revelou Aimara.

De acordo com o professor do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará (UFC) Cléber Domingos, a ingestão indevida ou em excesso dos medicamentos pode causar problemas em vários órgãos do corpo, como o fígado, por exemplo.

“A questão é o que eles têm disponível para que isso seja realizado com segurança. Não se trata de fazer mal ao estômago. Os efeitos são sistêmicos, eles ficam em todo o corpo. Provoca o câncer intestinal, os rins são afetados, o fígado é afetado. Isso falando de um grupo de fármacos, mas existem outros produtos que interferem no sistema morfológico”, explicou.

Para Cléber, a automedicação é comum no país devido não só às dificuldades do acesso à saúde, como também ao desconhecimento das causas da exposição excessiva aos medicamentos.

“Uma das grandes ameaças à saúde da população é a falta de assistência. Por não terem assistência, eles acabam recorrendo aos medicamentos como se fossem a única possibilidade ou a primeira possibilidade de curarem, de resolverem seus problemas. Muitas infecções, muitos sintomas, que não necessitam de medicamentos. O medicamento é sempre a última opção”, alertou o professor.

O Conselho Federal de Farmácia solicitou a pesquisa ao Instituto Datafolha para lançar uma campanha de conscientização sobre o uso racional de medicamentos. Ao todo, o estudo ouviu 2.074 pessoas que utilizaram algum tipo de remédio nos últimos seis meses.

Com informações Daniel Rocha para a Tribuna Band News FM