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sábado, 30 de setembro de 2017

Pequenos açudes e lagos reduziram cerca de 70% no Estado do Ceará

Os reservatórios públicos construídos pelos governos federal e estadual asseguram ao Ceará o título de modelo em gestão de recursos hídricos, levando água para mais de oito milhões de habitantes, conforme dados oficiais. A população conhece ou já ouviu falar dos 154 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), com destaque para o Castanhão, o Orós e o Arrojado Lisboa (Banabuiú), os três maiores do Ceará. Todavia, certamente desconhecia a existência de mais de 28 mil pequenos açudes e lagos do Estado.

O monitoramento desses pequenos reservatórios, incluindo barragens e lagos (até 0,5ha), realizado desde 2013 pela equipe do Núcleo de Recursos Hídricos e Meio Ambiente, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) está sendo divulgado pela primeira vez em um veículo de comunicação. Eram 28.195 em 2013. Entretanto com a estiagem prolongada no Nordeste, apesar de chuvas mais regulares na quadra deste ano, os levantamentos apontam apenas 9.303. Esses números representam uma redução de 70% desses pontos identificados por meio do mapeamento por satélite.

Avanço

Conforme a supervisora do Núcleo de Recursos Hídricos de Meteorologia e Meio Ambiente, engenheira agrônoma Margareth Carvalho, os levantamentos se tornaram mais precisos ao longo de quase uma década em razão da qualidade das imagens fornecidas pelo satélite. Com melhor resolução, se tornou possível, a partir de 2013, identificar os pontos hídricos de menor porte e onde estão localizados. O último levantamento concluído é de 2016. O mapa demonstra a maior concentração hídrica em toda a faixa litorânea e na região Norte do Ceará.

Esses estudos são utilizados pelas secretarias de Pesca e do Desenvolvimento Agrário, do governo do Estado, como suporte para o planejamento de ações como o peixamento dos açudes e plantio de hortas com irrigação por gotejamento.

A Defesa Civil também conta com os levantamentos realizados pela Funceme. Com os dados, é possível definir novas rotas de captação de água para o programa emergencial de abastecimento humano Operação Carro-Pipa, quando os mananciais primários esgotam.

Os órgãos do Estado têm acesso a dados como a quantidade de espelhos d'água, vez que não é possível diferenciar os reservatórios hídricos formados por meio de barramentos e os naturais. São considerados somente os que têm acima de meio hectare de área. Eram 5.599 no ano de 2008, 3.336 em 2013 e 1.466 em 2016.

Quanto ao número de espelhos acima dos 20 hectares, foram identificados 1.354 em 2008, 778 em 2013 e 348 em 2016. Além da seca, as chuvas irregulares e mal distribuídas podem mudar drasticamente o panorama do mapa em um curto período, como ocorreu entre 2013 e 2016.

O açude do distrito de Califórnia, distante 30 quilômetros do Centro de Quixadá, é um exemplo. Estava totalmente seco havia cinco anos. Encheu com as águas de março deste ano. Ninguém sabe ao certo a capacidade hídrica do reservatório, situado no entorno do vilarejo onde moram 500 famílias.

Transbordou apenas com o recebimento de água dos riachos, explicou o presidente da Associação de Trabalhadores Livres da Califórnia, Maurício Alves de Sousa, ressaltando ter aporte suficiente para dois anos, se for utilizado de forma consciente. Eles chegaram até a cavar uma cacimba no açude seco. As famílias estavam sendo abastecidas por carros-pipa. Chafarizes também foram instalados, mas, para quem já está acostumado a ter água na torneira, o incômodo era grande.

Agora, com a barragem cheia, há água para as casas pelo menos até o fim de 2019. A água do açude será utilizada somente para o abastecimento humano e dos animais, ressaltou o líder comunitário, destacando ser bem-vindo o despejo de alevinos, propiciando além do conforto hídrico, lazer e alimentação para a vizinhança.

Peixamento

A esse respeito a Secretaria da Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa) informa que as prefeituras, associações, sindicatos e colônias de pescadores podem fazer o pedido do peixamento. O interessado deve informar seus dados, com nome e capacidade de armazenamento do açude.

A solicitação deve ser feita na sede da Seapa, na Av. José Martins Rodrigues, 150, bairro Edson Queiroz, em Fortaleza, por meio de ofício, ou pelo e-mail: peixamento@seapa.Ce.Gov.Br. Neste ano, o órgão estadual pretende distribuir gratuitamente dois milhões de alevinos de tilápia. Para 2018, a equipe de Margareth Carvalho na Funceme, composta por três técnicos e três bolsistas, pretende concluir os estudos sobre os tipos de solo cearense.

Fonte: Diário do Nordeste