A Grande Fortaleza registrou cinco incêndios a ônibus
até o início da tarde desta quinta-feira (20), totalizando 22 ataques a
coletivos desde esta quarta. Um banco e delegacias receberam rajadas de tiros
na cidade de Maracanaú e Fortaleza entre a noite de quarta e esta madrugada. Transferências
de presos e mudanças nos presídios foram apontadas em uma carta deixada no
local de um dos incêndios como sendo motivação para os ataques. A Secretaria da
Segurança não confirma relação com problemas em presídios e diz que as
motivações estão sendo investigadas. Oito pessoas foram presas suspeitas das
ações. Um motorista e um cobrador ficaram feridos.
Um ônibus que fazia a linha
Arvoredo/Parangaba no Bairro Mondubim foi queimado no início da tarde. Por
volta das 8h30, um coletivo da linha Vila Velha-RioMar Kennedy foi o primeiro a ser incendiado neste segundo dia de
ataques. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do
Ceará (Sindionibus) informou ainda que um veículo foi incendiado no Bairro
Mucuripe e um terceiro da Linha Antônio Bezerra/Bairro Padre Andrade. No quarto
ataque desta quinta, na comunidade Jardim Fluminense, o incêndio a ônibus
deixou queimaduras em 90% do corpo de um cobrador e foi em frente a uma escola
municipal, que terá de suspender aulas, segundo um funcionário. O cobrador está
internado no Instituto Dr. José Frota.
Os ataques a ônibus desta quarta,
ocorreram a partir do meio-dia em bairros como Barroso - o primeiro deles -,
Edson Queiroz e Barra do Ceará, além de cidades como Horizonte. Nestes três
casos, criminosos jogaram gasolina e atearam fogo.
Ainda segundo o Sindiônibus, apesar
dos ataques desta quinta, não há previsão de retirar os ônibus de circulação
novamente.
Por causa dos
ataques, alguns simultâneos, os ônibus deixaram de circular durante a tarde
desta quarta-feira; faculdades suspenderam aulas; muita gente ficou sem opção
para voltar para casa, e o transporte alternativo cobra valores superfaturados.
Delegacias
À noite, prédios públicos passaram a ser alvos. Três delegacias
sofreram ataques de criminosos na noite desta quarta-feira (19) e madrugada
desta quinta-feira (20) na Grande Fortaleza. O primeiro ataque foi registrado,
segundo a Polícia Militar, na Delegacia de Pajuçara. De acordo com a polícia,
homens armados atiraram contra a vidraça da unidade. Ninguém ficou ferido. A
polícia está investigando se foi o mesmo grupo que atacou uma agência bancária da Caixa Econômica
Federal.
No 33º Distrito Policial no Bairro
Goiabeiras, em Fortaleza, também houve ataque nessa madrugada. A polícia
informou que quatro homens em duas motos disparam contra o distrito. A vidraça
foi quebrada e o grupo conseguiu fugiu. Ninguém ficou ferido. A delegacia
recebeu reforço da Polícia Militar.
E no 8º Distrito Policial, no Bairro
José Walter, um carro foi incendiado. A polícia disse que dois homens chegaram
e colocaram gasolina em um carro apreendido que estava estacionado no pátio. O
veículo ficou destruído. Por sorte ninguém ficou ferido. O Corpo de Bombeiros
foi chamado para apagar as chamas. Até a manhã desta quinta-feira, ninguém foi
preso.
Presos
Oito homens
foram detidos até a manhã desta quinta por suspeita de envolvimento nos
incêndios. Um deles já que já responde por tráfico de drogas, roubo e porte
ilegal de arma de fogo, foi preso pelo Batalhão de Policiamento de Rondas e
Ações Intensivas e Ostensivas (BPRaio) pela manhã no Bairro José Walter. O
suspeito, que estava armado, foi autuado em flagrante por porte ilegal de arma
de fogo, ameaça e organização criminosa.
Motivação
Uma carta que
exibe a assinatura de uma suposta facção criminosa foi deixada em um local de
ataque a ônibus em Fortaleza nesta quarta-feira (19) na Barra do Ceará. A
mensagem aponta como motivo dos incêndios mudanças dentro dos presídios. Uma
fonte ouvida da área da segurança pública ouvida pelo G1 disse nesta quarta-feira
que os ataques são represálias contra a mudança na rotina dos presídios do
Ceará e transferências de presos. "A mudança de rotina em um dos presídios
que deixava os presos soltos no pátio e passaram a ser recolhidos nas
celas" foi o estopim da ação criminosa, disse.
Como
foram os ataques da quarta
Dentre as
ocorrências, foram registrados incêndios nos bairros Edson Queiroz, Barra do
Ceará e Barroso, na capital, e nos municípios de Eusébio e Horizonte. Devido
aos ataques, pelo menos três terminais de ônibus suspenderam as atividades.
Conforme o
tenente-coronel Lima, comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar (BPM),
criminosos pararam um ônibus na Barra do Ceará e mandaram os ocupantes
descerem. Logo em seguida, eles queimaram o veículo e fugiram. A polícia
realiza buscas para tentar identificar e prender os suspeitos.
Já a professora
Lídia Bandeira contou ao G1 que estava
em casa no Bairro Edson Queiroz com uma amiga quando ouviu um barulho alto,
achou que fosse uma batida, mas quando chegou à frente da casa avistou um
ônibus em chamas.
Uma moradora de
Horizonte também relatou ao G1 que viu o ataque na cidade. "Chegaram três
homens, não estavam encapuzados, no distrito de Dourado, nunca ocorreu isso em
Horizonte, principalmente, neste distrito, que fica afastado do centro, pediram
para os passageiros descer, jogaram gasolina e queimaram o ônibus'', relatou.
Enel e
Cagece
Cinco carros de
empresas distribuidoras de água e energia elétrica também foram alvos de
ataques na tarde desta quarta-feira. Em nota, a Companhia de Água e Esgoto do
Ceará (Cagece) disse que acionou os órgãos de segurança pública para fossem
tomadas providências.
Já a Enel
Distribuição Ceará, companhia de energia elétrica do estado, informou que
durante os ataques aos ônibus, um carro da companhia foi incendiado e o outro
atingido por disparos de arma de fogo no bairro Cidade dos Funcionários. A
companhia afirmou que repudia atos de violência e acrescenta que os
colaboradores da empresa não foram feridos.
Fonte: G1