Um camarão levemente mais avermelhado que os outros, com pequenas manchas brancas na cabeça. Para um leigo, detalhes que passam despercebidos. Mas este é um problema que tem tirado o sono dos produtores de camarão de todo país.
A doença já tinha sido registrada no Brasil há alguns anos, mas foi no meio de 2016 que ela chegou de vez às fazendas de camarão do Ceará. O vírus é letal para o crustáceo e, devido à densidade dos tanques, tem um alto poder de contaminação.
Quando a doença se manifesta, não dá tempo de fazer muita coisa. Em poucos dias, boa parte dos animais é afetada e morre. Existe registro de criadouros que perderam cerca de 30 tanques com mais de 100 toneladas de camarão, por causa disto.
Com a proliferação da mancha branca pelo país, a carcinicultura no Brasil que já crescia a passos lentos, colocou o pé no freio. O presidente da Associação Cearense de Produtores de Camarão, Itamar Rocha, lembra que o Equador tem o litoral equivalente ao do Ceará, mas possui uma produção 10 vezes maior que a do nosso Estado.
O reflexo da queda na produção, já é sentida na hora das compras. No Mercado dos Peixes da Avenida Beira Mar, o crustáceo é vendido até 40% mais caro. O vendedor Mateus Lopes diz que o camarão que era vendido a R$ 18, hoje é comercializado com um preço mais elevado. Rita Teles, proprietária de um restaurante, diz que até agora, tem absorvido todo o prejuízo porque, devido à crise, não pode repassar o aumento para os clientes.
A praga preocupa o Governo do Estado. 75% da produção cearense vem de pequenos criadores que podem perder tudo se a doença não for controlada. O secretário adjunto da Pesca e Agricultura do Ceará, Euvaldo Bringel, explica que o governo tem apoiado os produtores e investido em eventos como a Feira Nacional do Camarão, que acontece em novembro aqui em Fortaleza. O evento é uma oportunidade que os produtores possuem de absorver conhecimento e tecnologias para enfrentar o problema.
A má notícia é que a mancha branca veio pra ficar. Até hoje, onde ela chegou, ninguém conseguiu se livrar 100% dela. A boa notícia é que é possível conviver com o problema investindo em biossegurança. O engenheiro de Pesca, Fábio Higa, explica que a primeira medida tomada é a esterilização de toda água utilizada. Também são construídas estufas, pois o vírus não consegue se proliferar se a temperatura da água estiver controlada entre 30 e 32 graus. Outro fator a ser considerado é a alimentação. Camarões bem alimentados são menos suscetíveis à doenças.
Fonte: Cnews