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quarta-feira, 4 de maio de 2016

SERTÃO CENTRAL: Governo anuncia R$ 36 milhões para o HRSC

O governador Camilo Santana divulgou, ontem, de Brasília, a boa nova que a população das cidades do Sertão Central tanto espera: em seu perfil na rede social Facebook, anunciou a liberação de R$ 36 milhões, pelo Ministério da Saúde, para garantir, após 17 meses fechados, a abertura e o funcionamento do Hospital Regional do Sertão Central (HRSC). A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), pela Portaria Nº 850, do Ministério da Saúde, que entra em vigor na data da sua publicação com efeitos financeiros a partir da quinta parcela de 2016.
A notícia gerou repercussão na cidade. Ontem, as emissoras de rádio deste Município interromperam a programação para ler a postagem do governador assim que ela foi feita. No texto, Camilo Santana afirma que a portaria que garante o repasse do valor aos cofres cearenses, já foi publicada. "Dessa forma, também com aporte de recursos do tesouro do Estado, poderemos iniciar a prestação de serviços tão sonhada por toda a região". Na publicação, ele agradece a parceria com o governo federal e afirma que vai iniciar um planejamento para definir o início dos serviços que o hospital deve oferecer à população. "Garantidos os recursos, iniciaremos o planejamento que definirá o cronograma de instalação de cada serviço para a população", escreveu.
O funcionamento do HRSC é um sonho para a população de Quixeramobim e cidades vizinhas. Rosymari Inácio dos Santos, 46, é uma das que aguardam ansiosas a abertura do hospital. Assim como o marido, ela está desempregada há meses e mora em Banabuiú com mais cinco filhos. Um deles é autista, tem crises de convulsão, intolerância à lactose e problemas genéticos, o que faz com que Rosymari, mesmo sem ter condições, tenha que viajar duas vezes por mês até Fortaleza, para fazer consultas nos hospitais Waldemar Alcântara e Albert Sabin.
Além dos gastos que já tem com água, luz e aluguel, as viagens geram despesas extras com fraudas, remédios, leite especial. Tudo isso é custeado com uma pensão de viúva. "Tem mês que mal dá pras coisas dele e eu tenho que sair pedindo dinheiro emprestado", diz. Em cada viagem, ela gasta cerca de R$ 100. E quando não consegue a passagem pela Secretaria de Saúde do Município, a conta aumenta. "Se esse Hospital de Quixeramobim estivesse funcionando, era uma facilidade, muito menos complicado e como é mais perto, eu iria gastar bem menos".
O desabafo de Rosymari se reúne a um coro de tantos outros que assistem a um dos maiores empreendimentos hospitalares do Ceará, permanecer fechado desde dezembro de 2014, quando foi inaugurado. Na época, o então governador, Cid Gomes, teria dito que a unidade estaria funcionando ainda no primeiro trimestre de 2015.
Com custo de R$ 87 mi, o hospital já foi alvo de diversas denúncias por ainda permanecer fechado. Uma das mais famosas foi em dezembro de 2015, quando 365 cruzes pretas foram fincadas em frente ao prédio, numa referência ao total de dias em que permanecia fechado.
Neste mês, o local receberá uma visita de membros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), promovida pela Comissão de Saúde da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Secção Ceará. Os membros do TCE devem colher informações sobre as condições de atendimento, estrutura física, recursos humanos com respectivos vínculos de trabalho, condições dos equipamentos e manutenção e aplicação de recursos financeiros. Um relatório com o parecer deve ser elaborado e o resultado, discutido em uma audiência pública que deve acontecer no dia 20 de junho.
Segundo as informações do governo do Estado, o hospital dispõe de 269 leitos, sendo 209 de internação geral, 60 de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), sendo 20 para adultos e dez pediátricos, além de 30 leitos de UTI na neonatologia e nove salas de cirurgia e centro de Atenção à Saúde Sexual e Reprodutiva da Mulher, com cinco salas obstétricas, com leitos pré, parto e pós. Em funcionamento, o HRSC deve garantir atendimento a mais de 625 mil moradores de 20 municípios.
Fonte: Diário do Nordeste