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domingo, 2 de agosto de 2015

Oito em cada dez brasileiros têm medo de ser assassinados

Os moradores das cidades brasileiras têm medo de morrer assassinados. É o que constata pesquisa divulgada nesta sexta-feira (31) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrando que essa possibilidade preocupa 81% da população com mais de 16 anos.

A informação consta de levantamento encomendado pelo fórum ao Instituto Datafolha, que ouviu 1.307 pessoas em 84 municípios com mais de 100 mil habitantes na última terça-feira. (28). A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

“Sessenta e três por cento das pessoas têm muito medo [de morrer assassinadas] e 49%, com medo, acham que podem ser vítimas já no próximo ano”, disse o vice-presidente do fórum, Renato Sérgio de Lima, que apresentou os dados. “Ou seja, temos uma população atemorizada”, destacou.

Em 2012, o número de pessoas com medo de morrer assassinadas era menor. Naquele ano, levantamento do Datafolha feito em cidades com 15 mil habitantes mostrava que 65% tinham medo. Em 2015, o medo é maior entre mulheres, pessoas de cor preta e do Nordeste.

O levantamento também mostra que 62% da população tem medo da Polícia Militar, especialmente pessoas entre 16 e 24 anos, que recebem até dois salários mínimos (68%) e são pretas (71%). No caso da Polícia Civil, o medo foi manifestado por 53% dos entrevistados, a maioria mulheres. “Essa é uma informação [sobre as policias] que requer reflexão, destacou Renato de Lima.

Outro dado revelador foi a constatação de que mais da metade dos brasileiros – 52% – têm um conhecido ou parente que foi vítima de homicídio e de que 20% deles já foram vítimas de ameaça de homicídio. “Isso diz que a população não está com medo à toa, a violência faz parte do cotidiano”, afirmou.

Para enfrentar o problema, que coloca o Brasil na lista dos países que concentram homicídios no mundo e está no sétimo lugar em número de assassinatos na América Latina, segundo as Nações Unidas, a população quer ações integradas de governos que não passem por abordagens agressivas com suspeitos, conforme apontam também os dados do Datafolha.